Ex-apresentador da Fox News suspeito de fraude mudou-se para Portugal

O norte-americano Clayton Morris é acusado de ter burlado vários investidores num esquema em pirâmide.
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Acusado de burla e a enfrentar 25 processos legais, Clayton Morris, antigo apresentador do programa Fox & Friends, do canal norte-americano Fox News (o preferido do Presidente Donald Trump), deixou os Estados Unidos e mudou-se para Portugal: estará a morar com a família numa "cidade costeira". A informação foi avançada pelo jornal Indianapolis Star que cita a mulher de Clayton.

Clayton Morris é acusado de usar o chamado esquema em pirâmide em vários negócios imobiliárias - um esquema que consiste em receber investimentos de muitas pessoas prometendo-lhes juros elevados, sem ter capacidade para restituir todos os fundos investidos. Os investidores defraudados não hesitaram em ir para tribunal. Mas o ex-apresentador nega qualquer responsabilidade pelas perdas dos investidores, acusando o seu sócio, Bert Whalen, e a sua empresa, a Oceanpoint.

A 11 de julho, Natali Morris escreveu no seu blogue um longo post sobre os motivos que levaram a família a deixar o país: "No mês passado, eu a minha família mudámo-nos para o estrangeiro. Tínhamos várias razões para o fazer mas, no outro dia, ao preencher o pedido de visto, percebi que a principal motivação era a mesma que levou outras gerações de país a atravessar fronteiras: desejar uma vida melhor para a sua família." "Não sou uma dessas pessoas que odeia a América", garantiu. "Tínhamos uma vida boa. Mas eu e o meu marido tivemos uns anos difíceis nos nossos trabalhos e este desafio coletivo levou-nos a questionar tudo.

Decidiram deixar o país e, como se pode confirmar por esta foto publicada por Natali no seu Instagram, estão em Portugal:

Clayton e Natali deixaram as suas carreiras na televisão para se tornarem "conselheiros financeiros" (ele chegou a ter um podcast sobre o tema) e criaram a Morris Invest, uma empresa de investimento em imobiliário que trabalhavam em parceria com a Oceanpoint. Os clientes entregavam-lhes dinheiro que era usado para comprar casas em ruínas ou em leilões e que, depois de algumas obras, eram arrendadas por valores elevados permitindo, supostamente, uma renda constante durante muito um longo período. Mas os clientes queixam-se de ter investido em propriedades que estavam em muito pior estado do que pensavam sendo depois forçados a vendê-las com prejuízo. Outras pessoas pediram para reaver o seu dinheiro e não receberam nada.

Numa troca de mails com o jornal IndyStar, Natali Morris confirmou que o casal vai continuar a travar as batalhas judiciais do estrangeiro. "Vamos continuar a assumir a nossa responsabilidade em todos os processos judiciais", garantiu. "Não fugimos de nada", acrescentou. "Continuaremos a dar a cara até que o último processo esteja concluído e que seja claro que nunca tivemos o dinheiro da Oceanpoint nem enganámos ninguém." Esses argumentos voltam a ser usados por Natali Morris num post publicado a 16 de julho, no qual se revolta contra as notícias: "Esta coisa da fuga do país é ridícula", escreve, explicando que se quando moravam em New Jersey conseguiam tratar dos processos legais em Indianapolis, não seria o facto de estarem fora do país que iria impedi-los de continuarem a assumir as suas responsabilidades.

No entanto, os investidores e os seus advogados ficaram preocupados com a mudança. Receiam que esta torne mais difícil entregar a Clayton Morris notificações legais bem como obrigá-lo ao pagamento de eventuais indemnizações. "Na opinião dos meus clientes, as pessoas inocentes não fogem do país", afirmou Jynell Berkshire, advogada em Indianapolis, especialista em imobiliário.

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