Drones em Gatwick eram da polícia. Pelo menos alguns
Polícia chegou a admitir que pode não ter havido qualquer drone a perturbar o espaço do aeroporto de Gatwick, nas vésperas de Natal, mas agora já é claro que havia: os das forças de segurança.
Alguns dos drones avistados perto do aeroporto de Gatwick dias antes do Natal podem ter pertencido à própria polícia, disse o comandante da Polícia de Sussex, Giles York.
Agentes da polícia procuraram 26 potenciais locais de lançamento perto do aeroporto, mas não localizaram o dispositivo que obrigou ao cancelamento de cerca de mil voos nos dias 19 e 21 de dezembro.
O incidente arruinou os planos de viagem de mais de 140 mil pessoas e transformou o aeroporto dos arredores de Londres num cenário caótico.
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Um polícia chegou a sugerir que poderia não ter havido qualquer drone, mas essa hipótese foi agora posta de parte. Em entrevista à BBC Radio 4, o comandante da polícia admitiu que os drones ao serviço da polícia podem ter causado "algum nível de confusão".
Afirmou ainda que receberam 115 relatos de avistamentos de drones, dos quais 92 foram registados de proveniência de "pessoas credíveis". Foram encontrados dois drones junto do aeroporto, mas não são os suspeitos de terem causado o encerramento das pistas. "Não creio que tenhamos encontrado o drone responsável", disse York, que se mostrou convicto de que um drone sobrevoou o aeroporto enquanto este estava encerrado.
Pedido de desculpas
Giles York pediu ainda desculpas ao casal que esteve detido durante 36 horas, suspeito de ter sido responsável pelo incidente. Paul Gait e Elaine Kirk, libertados sem acusações, revelaram que a sua casa foi alvo de buscas e as suas identidades foram reveladas. "Sinto-me violado", disse Gait.
"Sinto muito pelo experiência e pelo sentimento de violação. Mas uma experiência pior teria sido a libertação sob investigação. Conseguimos esgotar todas as nossas pistas de investigação nessa primeira instância e conseguimos libertá-lo da custódia policial, dizendo que já não era suspeito", defendeu o comandante.
"Closeau ataca de novo"
A forma como a polícia lidou com o caso foi alvo de chacota nas redes sociais. O ex-deputado pelo Labour George Galloway escreveu "Closeau ataca de novo", em referência ao incompetente inspetor Closeau, personagem imortalizada no cinema por Peter Sellers.
Outro utilizador, o ativista anticorrupção Nicholas Wilson, apontou o dedo à polícia: "Se a polícia não tivesse usado drones em Gatwick à procura de outros drones, não haveria drones e todos poderiam ter ido de férias."
Após o incidente foi instalada tecnologia militar antidrones, para aumentar os níveis de segurança do aeroporto, mas ainda assim a polícia não garante que o aeroporto não volte a ser encerrado em resultado de nova invasão de aparelhos voadores.