Dinamarca cede à extrema-direita e propõe confiscar bens de migrantes
Chegaram ao país 21 mil refugiados em 2015 e para este ano esperam-se 25 mil novas entradas.
O governo liberal de Larsk Lokke Rasmussen conseguiu apoio parlamentar para aprovar legislação que permite às autoridades de Copenhaga confiscar divisas e bens dos refugiados de valor superior a dez mil coroas (cerca de 1336 euros) para pagar a sua estadia na Dinamarca. Algo que fora sugerido no final de 2015 pelo ministro da Justiça, Soren Pind.
O apoio a esta medida, já condenada pela agência das Nações Unidas para os refugiados, veio dos populistas e eurocéticos do Partido Popular Dinamarquês, que desenvolveu pressões nesse sentido nos últimos tempos, mas também do principal partido da oposição, os sociais-democratas.
O ministro da Imigração, Inger Stojberg, justificou a legislação com a tradição do país de que se um refugiado tem meios próprios, deve assegurar as despesas da concessão do pedido de asilo. As novas medidas, que integram ainda o controlo das fronteiras com a Alemanha (que habitualmente não é efetuado) até 3 de fevereiro, deverão ser votadas no início do próximo mês. Não foram divulgados detalhes dessas medidas. Alguns deputados liberais apenas explicaram às agências que os bens e divisas não serão apreendidos à entrada no país. Caberá aos agentes dos serviços de fronteiras e os agentes de polícia analisar o que os refugiados trazem consigo e determinar o seu valor no momento em que estes serão identificados. Uma decisão algo problemática quando se tratar de determinar o valor de joias, roupas ou quaisquer outros bens trazidos pelos refugiados.
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Para a oposição de esquerda, o governo, os populistas e os sociais-democratas querem mostrar ao eleitorado que estão determinados em prosseguir uma linha dura na questão dos refugiados e mostrar que o país não é a melhor opção para estes. Isto apesar de, em 2015, ter sido reduzido o número de pedidos de asilo, cerca de 21 mil, em comparação com a vizinha Suécia, que chegou aos 160 mil pedidos. Mas, em setembro, quando o número de chegadas à Dinamarca conheceu um salto, o governo de Copenhaga iniciou a publicação de anúncios nos jornais libaneses explicando que as ajudas estavam a ser limitadas para os novos refugiados. Para 2016, Copenhaga espera 25 mil pedidos de asilo. O país que registou o maior número de entradas foi a Alemanha, que chegou ao 1,1 milhões de pedidos de asilo.
Movimentos xenófobos
A questão dos refugiados preocupa toda a Europa do Norte, proliferando os movimentos xenófobos, dos quais o mais recente exemplo chega da Finlândia. De acordo com a Reuters, foi constituído um movimento designado Soldados de Odin (nome de divindade viking), que anunciou como seu objetivo garantir a segurança dos finlandeses dos imigrantes.
As primeiras ações deste grupo foram ainda em 2015, na localidade de Tornio, tendo apedrejado e atirado cocktails Molotov contra autocarros que traziam refugiados para a Finlândia.
Com o país a atravessar uma conjuntura económica negativa, estando em recessão desde 2012, a chegada de imigrantes e refugiados e a expectativa do aumento da despesa em prestações sociais associadas a este fenómeno, o sentimento xenófobo e anti-islamita está a crescer na Finlândia. Em 2015, o país recebeu 32 mil pedidos de asilo em comparação com 3600 no ano anterior.
Helsínquia já advertiu que não irá tolerar "milícias populares" ou "grupos de vigilantes".
Números da polícia revelam que, nos últimos quatro meses de 2015, duplicou o número de agressões sexuais a mulheres em comparação com idêntico período de 2014. No ano transato foram 147 face a 75 em 2014. A polícia finlandesa, de acordo com a Reuters, não identifica por grupo étnico ou religioso o perfil dos agressores.
A questão da violência sobre mulheres associada ao fenómeno dos refugiados está, igualmente, a suscitar vivo debate na vizinha Suécia, tendo surgido nos últimos dias notícias de que a polícia deste país encobriu vários casos desta natureza no ano passado. Os jornais suecos indicavam ontem que se verificaram várias situações, especialmente em Estocolmo, semelhantes às sucedidas em Colónia, protagonizadas por jovens imigrantes provenientes do Médio Oriente, que foram abafadas pelas autoridades.