Suspeito do caso Lava Jato detido em apartamento de luxo em Lisboa
Foi detido em Lisboa Raul Schmidt Felippe Junior procurado no âmbito da operação Lava Jato. Ao que o DN apurou, a operação da Polícia Judiciária (PJ) decorreu durante a madrugada e manhã de hoje.
O suspeito terá dupla nacionalidade (brasileira e portuguesa) e era procurado pelas autoridades de Brasília, que emitiram uma carta rogatória com vista à sua detenção. O detido é suspeito, segundo o jornal O Globo, de estar envolvido em pagamentos de subornos a ex-diretores da petrolífera estatal que está no centro da operação Lava Jato. A PJ indica que o detido foi investigado "por ter agido como intermediário de operações da Petrobras que levaram ao recebimento indevido de comissões no valor de vários milhões de reais".
Segundo o Ministério Público Federal, Raul Schmidt vivia em Londres onde tinha uma galeria de arte. Ter-se-á mudado para Portugal no início da operação, já que tem dupla nacionalidade. Em Lisboa, foi detido num apartamento de luxo, avaliado em três milhões de euros, segundo O Globo. As autoridades brasileiras vão agora dar início ao processo de extradição.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) adianta, em comunicado, que já recebeu das autoridades brasileiras três cartas rogatórias relacionadas com esta matéria, mantendo-se duas em execução. As diligências da PJ, que contaram com a presença de um juiz português e de um procurador brasileiro, foram coordenadas pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal.
A PJ informou, também em comunicado, que o detido será presente ao Tribunal da Relação de Lisboa, para ser ouvido sobre o pedido de extradição das autoridades brasileiras. E que a operação de hoje envolveu 14 elementos da PJ, um procurador, um juiz, um procurador do Ministério Público Federal e dois elementos da Polícia Federal do Brasil. Sobre a operação, apenas é referido que "depois de diversas e complexas diligências de investigação" foi possível localizar o cidadão luso-brasileiro.
A Operação Lava Jato, investigada pela policia federal brasileira, começou em março de 2014, e é considerada já uma das maiores investigações a atos de corrupção e branqueamento de capitais no Brasil. É no âmbito desta investigação que o ex-Presidente do Brasil Lula da Silva está a ser investigado.
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Quem é Raul Schmidt?
O luso-brasileiro detido esta madrugada em Lisboa na primeira operação internacional do caso Lava Jato estava fugido das autoridades brasileiras desde outubro do ano passado, quando o seu nome foi incluído na lista dos procurados da Interpol.
Raul Schmidt trabalhou 17 anos na Petrobras. Deixou a petrolífera em 1997 e há 10 anos que vivia fora do Brasil. O seu nome foi associado ao Lava Jato na 10ª fase da operação (foi detido na 25ª fase), em julho do ano passado. Aí foi constituído como suspeito de envolvimento em pagamentos de subornos da Petrobras a Jorge Zelada, Renato de Souza Duque e Nestor Cerveró, todos ex-diretores da empresa. Os três ex-responsáveis estão detidos no Paraná.
Schmidt e Zelada - que se conheceram na Petrobras -, eram sócios numa empresa de energia solar - a TVP Solar, conforme referia em julho do ano passado uma nota do seu advogado, justificando que era a única ligação entre eles. Nesse mês o juiz Sérgio Moro decretou o bloqueio de 7 milhões de reais (1,7 milhões de euros) a Raul Schmidt por suspeita de lavagem de dinheiro para esconder o desvio de verbas da Petrobras, indicava na época o jornal Valor.
Os investigadores suspeitam que ele tenha usado produções cinematográficas e aquisição de peças de arte no estrangeiro para ocultar a origem do dinheiro. O seu nome foi ligado a várias offshores onde eram movimentados milhões de euros.
É também numa offshore da Nova Zelândia que está registado o apartamento de luxo em Lisboa, onde a polícia deteve Raul Schmidt, no âmbito da operação batizada pelas autoridades portuguesas de "Polimento", avança O Globo.