Desconfinamento em França: das aulas já a 11 de maio ao futebol só em setembro

O primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, apresentou aos deputados o seu plano para aliviar o confinamento dos franceses. Plano será diferente consoante a região.

O fim do confinamento em França deverá começar a 11 de maio, anunciou esta terça-feira o primeiro-ministro Édouard Philippe, afirmando que "é preferível" usar máscara, que o regresso às aulas é voluntário, que o teletrabalho é para continuar e que certas restrições de deslocações mantêm-se até 2 de junho.

A concentração de mais de 10 pessoas, os casamentos civis e as celebrações religiosas estão interditas em França até essa data, enquanto festivais, eventos desportivos ou salões profissionais só regressam em setembro, anunciou.

O primeiro-ministro apresentou o seu plano para o fim do confinamento na Assembleia Nacional, perante cerca de 75 deputados e vários ministros do Governo.

Philippe afirmou que manter o confinamento poderia levar a "efeitos prejudiciais" para o país, mas avisou que a data prevista para o seu fim, 11 de maio, só acontecerá se estiverem reunidas as condições necessárias.

"Se os indicadores não forem o que esperamos até lá, não haverá fim do confinamento a 11 de maio", afirmou Philippe. A França já registou, desde o início da pandemia, mais de 23 mil mortes por coronavírus.

Máscaras à venda pelo site dos correios

Uma das maiores dúvidas para os franceses é a política adotada face ao uso de máscaras. Philippe indicou que a compra de máscaras para o grande público por parte das regiões vai ser comparticipada em 50% pelo Governo e que máscaras laváveis vão ser postas à venda através do site dos correios franceses.

No entanto, a sua utilização não vai ser obrigatória no quotidiano, exceto nos transportes públicos (incluindo táxis e plataformas como Uber) e nalguns níveis da escola pública entre os alunos -- a máscara será obrigatória para todos os professores no sistema de educação nacional.

Também os donos de estabelecimentos comerciais podem impor a utilização de máscara dentro das suas lojas.

A França espera ainda conseguir fazer 700 mil testes de rastreio da covid-19 por semana a partir de 11 de maio, procurando traçar a rota de contaminação dos novos casos recorrendo a uma brigada de investigadores. A possível utilização da aplicação STOP Covid vai ser debatida e votada numa sessão à parte.

Regresso às aulas voluntário

Nas escolas, o primeiro-ministro precisou que creches, pré-escolar e ensino primário vão abrir a partir de 11 de maio. Ensino básico vai regressar a partir de 18 de maio e só a partir de fim de maio se vai saber se os liceus vão reabrir. As salas de aula não vão ter mais que 15 alunos e o regresso às aulas é voluntário.

Philippe indicou que o teletrabalho, para quem pode, deve continuar pelo menos até dia 2 de junho e, para quem tem de voltar, os horários devem ser alternados, para evitar as horas de ponta.

A oferta de transportes vai ser reforçada, mas a sua ocupação deve ser reduzida para metade. Para os transportes de longo curso, como comboios, só será possível comprar bilhete com antecedência.

A circulação vai ser novamente livre, sem necessidade de justificação, a não ser para deslocações de mais de 100 quilómetros que levem a uma mudança de região.

Em França, a covid-19 não atingiu todo o território da mesma forma, portanto há o perigo proliferação da pandemia ao mudar de região. O desconfinamento será também a ritmos diferentes, consoante os departamentos: nos de categoria verde será aplicado em larga escala, mas nos de categoria vermelha demorará mais tempo.

Bares, restaurantes e cafés ainda fechados

Todo o comércio vai reabrir a partir de 11 de maio, exceto bares, restaurantes e cafés. Caberá às autoridades locais gerir a reabertura dos mercados de rua, muito populares em França, e também dos centros comerciais de mais de 40 mil metros quadrados.

Dentro dos espaços comerciais, tem de ser mantida uma distância de segurança de pelo menos um metro entre clientes e trabalhadores.

O primeiro-ministro vai voltar a falar ao país no fim de maio para reavaliar as medidas anunciadas esta terça-feira e indicar se a reabertura de bares, restaurantes e cafés pode acontecer a partir de 2 de junho.

De pequenas reuniões a grandes eventos

"Temos de evitar as aglomerações que são ocasiões de propagação do vírus. Assim, os ajuntamentos organizados na via pública ou em sítios privados ficam limitados a 10 pessoas", afirmou o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, ao anunciar o plano do fim da quarentena na Assembleia Nacional.

Volta a ser possível praticar livremente desporto ao ar livre, mas os ginásios permanecerão fechados e estão proibidos todos os desportos de contacto.

Os parques e jardins, encerrados em muitas cidades franceses, devem permanecer fechados nas regiões mais atingidas pelo vírus, com as praias a reabrirem possivelmente em junho.

Grandes aglomerações que juntem mais de cinco mil pessoas só vão ser possíveis a partir de setembro. Assim, a época de desporto profissional, especialmente futebol, não vai ser reatada.

"A temporada 2019/20 de desportos profissionais, incluindo a de futebol, não poderá ser retomada", anunciou o governante. A Liga Francesa de Futebol tinha como plano o regresso aos jogos, ainda que à porta fechada, em 17 de junho, terminando em 25 de julho, uma possibilidade que parece gorada perante as declarações do primeiro-ministro.

Outros eventos como festivais e salões profissionais também só vão voltar em setembro.

Pequenas mediatecas, bibliotecas e museus, em que seja possível respeitar as regras de segurança, podem ser reabertas. Mas grandes museus, cinemas e teatros vão continuar fechados.

Os casamentos civis não vão ser possíveis até início de junho. Lugares de culto vão continuar abertos, mas sem celebrações. Os funerais continuam a ser possíveis com 20 pessoas no máximo e os cemitérios vão passar a estar abertos.

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