"Delação" e "República da Cobra". Os vídeos que dividem o Brasil

Sketch do Porta dos Fundos e manifestação de advogados entre os mais comentados, partilhados e criticados

Os vídeos "Delação", do grupo humorístico Porta dos Fundos, e o discurso da jurista co-signatária do pedido de impeachment Janaína Paschoal, em comício em São Paulo, têm batido recordes de visualizações, comentários e partilhas. Mais dois sinais do ambiente de divisão e conflito que tomou o país durante a crise política (e económica e judiciária) no Brasil.

No primeiro, os atores Gregório Duvivier e Fábio Porchat interpretam um agente da polícia e um delator, supostamente da Operação Lava-Jato, que investiga o Petrolão. O delator conta casos de corrupção envolvendo PMDB e PSDB, ligados à oposição, até chegar a um jantar em Paris com uma conta astronómica paga com dinheiro público. O agente (Duvivier) não considera nenhum dos casos, até perguntar ao delator (Porchat) o que comeram. O delator diz "arroz de Lula". O agente chama então um colega e grita "ei, avisa lá o juiz que pegamos o Lula!", sugerindo proteção a um lado e perseguição a outro por parte dos investigadores.

O vídeo foi o mais visto do grupo desde Dezembro - 3,5 milhões de visualizações só até segunda-feira - mas com a opção nas redes sociais "dislike" ("não gosto" em Portugal ou "não curti" no Brasil) o que causou mais impacto foi o número de rejeições. Mais de 450 mil, contra cerca de 250 mil aprovações, um indicador da divisão e do ambiente crispado do país.

Foi criada até uma hashtag no twitter chamada "RIPPorta", após a divulgação do vídeo. Os autores foram apelidados de "bandidos" e "vendidos".

Antonio Tabet, sócio do Porta dos Fundos que tem demonstrado posições políticas diferentes dos autores do vídeo que, por seu lado, são assumidamente anti-impeachment, disse não entender as críticas. "Quem me conhece sabe a minha posição mas não abro mão da democracia e da liberdade".

No outro vídeo, durante manifestação de juristas em São Paulo a favor do impeachment que incluiu os autores do pedido que está em análise no Congresso Nacional, a advogada Janaína Paschoal, uma das subscritoras, teve uma intervenção para lá de emocionada. No final chamou "República da Cobra" ao país, aludindo à metáfora de Lula ao comparar-se a uma jararaca.

Janaína foi chamada de "louca" e "desequilibrada" por pessoas na internet que, por sua vez, foram acusadas de "machismo". Entre as brincadeiras, associaram a advogada ao vocalista da banda de heavy metal Iron Maiden, pelo entusiasmo excessivo demonstrado.

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