Covid-19. Europa é agora o epicentro da pandemia, diz OMS

"Estão a ser registados na Europa mais casos todos os dias do que os reportados na China, no auge da sua epidemia", afirmou o diretor-geral da OMS.
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O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse esta sexta-feira que a Europa, e não a China, é neste momento o epicentro da pandemia de coronavírus.

"Neste momento, estão a ser registados na Europa mais casos todos os dias do que os reportados na China, no auge da sua epidemia", disse Ghebreyesus, em declarações aos jornalistas, em Genebra.

O diretor da OMS disse que, em todo o mundo, mais de 5000 pessoas perderam já a vida, "um marco trágico", como resultado do surto do novo coronavírus.

Mais de 135 mil pessoas foram infetadas em todo o mundo, a maioria na China, onde mais de 3000 pessoas morreram e mais de 62 000 já recuperaram.

Na conferência de imprensa, Maria Van Kerkhove, responsável pelas doenças emergentes da OMS, disse que não era possível prever como é que a pandemia vai desenvolver-se. "É impossível dizer quando é que vai atingir o pico global", admitiu a responsável numa altura em que vários país da Europa adotaram medidas drásticas para conter a propagação do novo vírus. Em Itália, por exemplo, todo o país está de quarentena, e Portugal está em estado de alerta, tendo sido decretado o fecho de escolas, discotecas e bares, entre outras medidas.

O diretor-geral da OMS afirmou que estas medidas podem ajudar, mas enfatizou que os países precisam de adotar "uma abordagem abrangente". Tedros Ghebreyesus destacou a necessidade de se fazer mais para "detetar, proteger e tratar" dos casos de infeção.

"Não se pode combater um vírus se não se souber onde ele está", afirmou, pedindo aos países para "encontrar, isolar, testar e tratar todos os casos, para romper com as cadeias de transmissão".

Explica que a situação que hoje se verifica na Europa poderá ser replicada, pelo que os países se devem concentrar em medidas assertivas: diagnosticar casos, acompanhar familiares ou impor medidas de distanciamento social.

Contudo, Ghebreyesus diz que as medidas devem ser tomadas "todas de uma vez", incluindo o isolamento de pessoas contaminadas.

O responsável da OMS deu os exemplos da Coreia do Sul, Singapura e da própria China, onde, além das medidas tomadas, houve uma "importante mobilização social, que salvou muitas vidas".

Criado novo fundo de solidariedade da OMS

"Cada unidade de saúde deve estar preparada para receber e cuidar de muitos pacientes, garantindo a proteção dos seus trabalhadores", afirmou Ghebreyesus, acrescentando que é preciso "estar muito atento a tudo o que possa aparecer de repente".

E deixou um aviso: "Qualquer país que analisa a experiência de outros países com grandes epidemias e pensa que 'isto não vai acontecer connosco' está a cometer um erro mortal".

O diretor-geral da OMS apresentou ainda um novo fundo de solidariedade que espera atrair doações do setor privado, entidades filantrópicas e outras organizações e pessoas, para adicionar aos fundos da organização, fruto de doações dos estados membros.

112 casos confirmados em Portugal

Em Portugal, há 112 casos confirmados e 1308 suspeitos de infeção por covid-19, de acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgado esta sexta-feira. São mais 34 pessoas em 24 horas. Há 11 cadeias de transmissão ativas, mais cinco que as de quinta-feira. Não há mortes a registar.

Há ainda 172 casos a aguardar resultado laboratorial e 5674 em vigilância pelas autoridades de saúde.

Os casos importados são de Espanha (9), França (5), Itália (15), Suíca (3), Alemanha e Áustria (1). Há 53 casos confirmados no norte do país, 6 no centro, 46 na região de Lisboa e 6 no Algarve. Há um caso confirmado no estrangeiro, segundo o boletim epidemiológico diário.

Portugal em estado de alerta. Escolas, bares e discotecas fecham

"Senti de todos os partidos políticos, sem exceção, o empenho e a determinação em partilhar esta batalha. É uma luta pela nossa própria sobrevivência. Estamos todos juntos", disse o primeiro-ministro António Costa, ao iniciar a declaração ao país na quinta-feira à noite, em que anunciou várias medidas, que foram depois aprovadas em Conselho de Ministros Extraordinário.

Entre as medidas aprovadas está a declaração do estado de alerta em Portugal, o encerramento de escolas, bares e discotecas, limitação de entradas em espaços públicos, centros comerciais e restaurantes, proibição do desembarque de passageiros de cruzeiros.

Atualizado às 17:50

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