Coronavírus: China vai começar a lavar o dinheiro
A China anunciou, este fim de semana, que irá começar a limpar a moeda do país - yuan - e a destruir o dinheiro potencialmente infetado, em mais um esforço para conter o surto do coronavírus.
As novas medidas, anunciadas pelo Banco Popular da China no sábado, visam conter a propagação do vírus, oficialmente conhecido como Covid-19. Ainda há muito que se desconhece acerca de um vírus que já infetou mais de 71.000 pessoas em todo o mundo e matou perto de 1800 - a maioria na China - mas que parece sobreviver várias horas em superfícies, segundo a Organização Mundial da Saúde.
É por isso que edifícios nas áreas afetadas desinfetam regularmente os botões de elevadores, maçanetas das portas e outras superfícies que são bastante tocadas - e essa é também a razão pela qual as pessoas estão preocupadas com o dinheiro, que muda de mãos várias vezes ao dia.
Todos os bancos chineses vão ter agora de limpar o seu dinheiro, desinfetando-o com luz ultravioleta ou submetendo-o a altas temperaturas. Poderão ainda armazená-lo por sete a 14 dias antes de o colocar novamente em circulação, disse o governo central da China, citado pela CNN.
O dinheiro proveniente de áreas de infeção de alto risco, como hospitais e mercados húmidos, será "especialmente tratado" e devolvido ao banco central em vez de ser colocado de novo em circulação.
Na agência de Guangzhou do banco central, essas notas consideradas de alto risco poderão vir a ser destruídas em vez de apenas desinfetadas, de acordo com o jornal oficial chinês Global Times.
Para compensar a redução de dinheiro, o banco irá emitir grandes quantidades de notas novas. Em janeiro, segundo o governo chinês, o banco destinou 4 mil milhões de yuans (cerca de 573,5 milhões de dólares) em novas notas destinadas a Wuhan, a cidade chinesa onde o surto começou.
Outras medidas incluem a suspensão de transferências físicas de dinheiro entre províncias atingidas, para limitar a possibilidade de transmissão de vírus durante o trânsito do dinheiro.
No entanto, recorda a CNN, não é claro como o dinheiro poderá estar a ser infetado, uma vez que o vírus provavelmente morre após algumas horas à superfície e pode ser eliminado com um desinfetante comum. A maioria das pessoas que vive nos centros urbanos também não usa dinheiro físico, com as aplicações de pagamento online a serem praticamente omnipresentes.
Uma "medida extrema", escreve o Quartz, mas que faz todo o sentido, uma vez que todas as moedas que circulam no mundo - dólares, libras, euros, shekels ou, neste caso, yuan - estão sujas.
Um estudo de 2017 que analisou as notas de um dólar em Nova Iorque detetou 397 espécies de bactérias. Sabe-se que o vírus da gripe pode sobreviver 12 dias, mas em relação a este novo coronavírus a Organização Mundial de Saúde não encontrou resposta para o seu tempo de sobrevivência.
Atualmente, na China, as pessoas não têm apenas medo de tocar em dinheiro, mas até uma simples saída à rua é vista com receio. Há quem não saia de casa há semanas, apenas arriscando uma saída para comprar mantimentos.
Mesmo quando saem, envolvem-se em plástico protetor e quem tem de viajar em transportes públicos usa luvas plásticas descartáveis, toucas de banho, viseiras plásticas de rosto inteiro e até ponchos plásticos que cobrem todo o corpo.
Apesar do surto ainda não ter dado sinal de abrandar, milhões de pessoas estão a voltar aio trabalho, ainda que na segurança dos seus apartamentos, um volume de trabalho à distância sem precedentes na história do país.