Coca-Cola fora das lojas após ameaça de grupo anarquista

Federação Anarquista Informal anunciou que tinha envenenado produtos de três multinacionais com cloro e ácido clorídrico
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As multinacionais Coca-Cola, Unilever, Nestlé e a grega Delta levaram a sério a ameaça de envenenamento feita por um grupo anarquista e retiraram os seus produtos das prateleiras das lojas da região de Ática, que inclui Atenas. De acordo com a mensagem Projeto Némesis Verde, tinham contaminado bens alimentares com ácido clorídrico e cloro.

A ameaça - da autoria do grupo Federação Anarquista Informal (FAI/IRF) e intitulada Projeto Némesis Verde - Ato 2 (Mensagem de Aviso) - adiantava que comida embalada e refrigerantes produzidos por diversas empresas tinham sido retirados das "maiores cadeias de supermercados na zona da grande Atenas" e seriam devolvidos, entre hoje e o próximo dia 5 de janeiro, contaminados.

"O objetivo operacional é sabotar as companhias acima mencionadas, obrigando-as a retirar na totalidade os seus produtos durante duas semanas, não envenenar nenhum inocente", pode ler-se no aviso do grupo anarquista, referindo-se a Coca-Cola, Nestlé e Unilever. A Delta, a maior empresa grega de produtos lácteos, afirmou ter tomado as mesmas medidas, apesar de não ser visada.

Entre os produtos contaminados com cloro e ácido clorídrico estão, segundo a FAI/IRF, molho de Salada Caesar da Hellmann"s, molho de tomate da Heinz e várias bebidas, incluindo leite.

As três multinacionais, num comunicado conjunto, adiantaram que, "após consulta com as autoridades competentes", optaram pela "remoção preventiva" de vários produtos "de todos os pontos de venda de Ática", a região onde fica Atenas. Entre esses produtos estão o molho de Salada Caesar da Hellmann"s, o ice tea da Nestea e a Coca-Cola Light. Estas empresas criaram ainda linhas de apoio ao cliente.

A Autoridade Alimentar Grega (EFET), num comunicado divulgado ontem, garantiu estar a trabalhar em cooperação com a polícia para proteger os consumidores. "Não haverá problema, esta ameaça não se materializará", afirmou o organismo, sublinhando que esta ameaça teve consequências financeiras nas empresas envolvidas.

De acordo com o jornal grego Kathimerini, responsáveis pelo contraterrorismo na Grécia lançaram uma investigação depois da mensagem ter sido colocada num site anti-establishment.

Este tipo de ameaças vindos da FAI/IRF não é inédito. No início de 2014, fizeram uma ameaça semelhante contra a Coca-Cola e Nestlé.

Na altura, através de uma mensagem no site 325 Nostate, e intitulada Projeto Némesis Verde, justificaram os seus atos. "Na China, a Coca-Cola coopera com o regime e lucra com o trabalho forçado, no qual são usados detidos que são obrigados a trabalhar dentro da prisão. Além disso, é uma das 12 maiores empresas poluentes no país no que diz respeito ao ambiente", defendia o texto.

Nessa campanha, a FAI/IRF distribuiu ainda pens aos jornalistas como poderiam adulterar uma garrafa de Coca-Cola sem a abrir.

Ataque contra neonazis

A Federação Anarquista Informal (FAI/IRF) é uma organização anarquista armada, constituída por várias células anarquistas, criada em Itália em 2003. Os serviços secretos italianos consideram-na a principal ameaça anarquista, mas também terrorista, do país. Em 2010, saiu da lista de organizações terroristas da União Europeia.

Na sua atividade na Grécia há duas datas a destacar: 16 de maio de 2012, quando explodiu uma bomba nas instalações do partido neonazi Aurora Dourada, em Atenas, e 3 de julho de 2013, data em que uma carta armadilhada, endereçada a um alto responsável da polícia, se incendiou na triagem postal da capital grega.

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