China volta a mudar contagem dos infetados. Número de casos cai a pique

Esta quinta-feira, a contagem de casos confirmados caiu para 394, um dos números mais baixos em semanas, o que pode ter acontecido devido à mudança na forma como são contabilizados e que já não incluem também os diagnósticos clínicos.
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Depois de na semana passada ter mudado a forma de diagnóstico de infeção pelo novo coronavírus - o que levou a um aumento de 45 por cento dos casos da noite para o dia - a China voltou atrás e diz que, afinal, vai usar apenas a análise sanguínea para confirmar a doença.

O último número divulgado de novos casos foi 394, o menor desde 25 de janeiro, e uma descida acentuada em relação a quarta-feira, quando foram identificados 1.749 novos casos.

A Comissão Nacional de Saúde revelou que 279 casos foram deduzidos da contagem diária após as análises terem apresentado um resultado negativo.

As autoridades chinesas justificam a decisão de alterar o método de contagem com a melhor capacidade dos testes o que vem alterar o número de "casos confirmados" na província de Hubei, cidade que é o epicentro do surto.

A partir desta quinta-feira, todos os casos oficiais de coronavírus devem ser formalmente diagnosticados antes de serem adicionados aos totais (de infetados ou mortes devido à doença).

A Comissão Nacional de Saúde explicou que os casos confirmados na província de Hubei agora incluem apenas pessoas que tiveram resultados positivos em testes de laboratório, no caso o teste de ácido nucleico, também chamado de teste "NAT" (do inglês nucleic acid amplification test - "NAAT"), e que consiste numa técnica bioquímica usada para detetar um vírus ou uma bactéria

"Para resolver o conflito entre diagnóstico e tratamento, em Hubei, esse diagnóstico clínico {mediante a realização de uma TAC] foi introduzido para permitir o tratamento oportuno de possíveis pacientes e reduzir a taxa de mortalidade ", disse Wang Guiqiang, diretor da Sociedade de Doenças Infecciosas da Associação Médica Chinesa, em conferência de imprensa esta quinta-feira, e citado pela CNN.

"A situação em Hubei mudou. A capacidade de teste de ácido nucleico foi bastante aprimorada e agora todos os casos suspeitos ou não confirmados podem ser testados rapidamente quanto a ácidos nucleicos. O teste de ácido nucleico já não é um problema ", acrescentou Wang.

Esta quinta-feira, a contagem nacional da China continental caiu para 394 novos casos, um dos números mais baixos em semanas, o que pode ter acontecido devido à mudança na forma como são contabilizados os casos confirmados, que já não incluem também os diagnósticos clínicos.

O número total de casos confirmados na China continental é agora de 74.576, elevando o total global para 75.674.

O teste tradicional de ácido nucleico identifica o vírus no corpo de um paciente através de uma sequência genética específica, mas os relatos de uma falta grave de kits de diagnóstico a diferença entre estes - nem todos podem ser considerados de confiança - surgiram desde o início do surto, no final do ano passado, como relatou Chen Qiushi, um dos jornalistas que documentou a crise em Wuhan e que está desaparecido.

"Faltam máscaras, roupas de proteção, equipamentos e, o mais importante: kits de diagnóstico. Sem esses kits, não há como verificar se estamos infetados e apenas podemos ficar de quarentena em casa", relatou, no final de janeiro.

Na cidade de Wuhan havia filas de pessoas com sintomas como febre e tosse que esperavam horas para fazer o teste. Os que acusavam negativo geralmente eram afastados do hospital, embora se saiba agora que os testes podem gerar falsos negativos.

"Um paciente pode ser considerado negativo no primeiro ou no segundo teste e à terceira vez acusar positivo", disse Jonathan Yu, médico de um hospital universitário de Wuhan, numa entrevista concedida o mês passado. "É como pescar numa lagoa: não pescou um peixe uma vez, mas isso não significa que a lagoa não tenha peixes."

A questão também surgiu fora da China. Na quarta-feira, 12 de fevereiro, os Centros dos EUA para Controlo e Prevenção de Doenças disseram que os kits de teste enviados para laboratórios em todo o país e em todo o mundo, na semana passada, tiveram problemas para detetar o vírus.

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