Os migrantes que residem no campo conhecido como a 'selva' em Calais, França, reuniram-se hoje no ponto de encontro determinado pelas autoridades para dar início à evacuação do espaço, avança a agência de notícias AFP.
O grupo apresentou-se pelas 06:00 (05:00 em Lisboa) com malas e mochilas junto do armazém que está a servir como centro das operações, que têm como objetivo transportar entre seis mil e oito mil migrantes para centros de acolhimento em todo o país.
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Uma fila com cerca de 60 pessoas estendia-se esta manhã junto às portas ainda encerradas na sede de operações.
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Dezenas de veículos da polícia antimotim e outros camiões que transportam equipamento tinham, mais cedo, partido na direção do centro de operações.
O Governo francês classificou como "humanitária" a enorme operação para desmantelar o campo.
Deste modo será encerrado o maior bairro de lata de França, que cresceu nos últimos 18 meses, composto por milhares de refugiados, a maioria do Afeganistão, Sudão e Eritreia, que tentavam atravessar o canal da Mancha para chegar ao Reino Unido.
O encerramento do campo pretende atenuar as tensões na zona de Calais, onde confrontos entre a polícia e os migrantes, que tentam subir clandestinamente para camiões que se dirigem ao Reino Unido, são quase diários.
Cerca de 1.250 polícias e seguranças foram mobilizados para garantir que a operação decorre sem incidentes.
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As autoridades francesas disseram na sexta-feira que o campo de Calais, no norte de França e perto do canal da Mancha, começaria a ser evacuado a partir de hoje.
Prometido desde há várias semanas pelo governo socialista, esta operação acentuou a polémica sobre o acolhimento dos migrantes em França, a alguns meses das eleições presidenciais.
O assunto suscitou também tensões entre Paris e Londres.
A última estimativa oficial refere-se a 6.400 pessoas na "selva" de Calais.
"Teremos sucesso neste desafio humanitário", prometeram os ministros do Interior, Bernard Cazeneuve, e da Habitação, Emmanuelle Cosse, em artigo publicado na sexta-feira no diário Le Monde, enquanto as ONG no terreno alertaram contra os riscos de "catástrofe" de uma operação precipitada.
O destino de 1.290 menores que se encontram isolados no campo constitui um dos aspetos mais complexos desta operação, com muitos a referirem pretender alcançar o Reino Unido, onde dizem ter familiares.