Brexit. Theresa May grava vídeo a pedir "trabalho conjunto" no Parlamento
No dia em que a primeira-ministra Theresa May divulgou um vídeo onde apela a um entendimento entre os partidos no Parlamento para que o Reino Unido possa sair de forma ordenada da União Europeia, a Associação de Proprietários alertou para a possibilidade de os cidadãos da UE virem a ter dificuldades em arrendar uma casa por falta de indicações claras sobre a sua situação.
De acordo com a legislação que vigora há três anos, os proprietários podem ser punidos com multas até 5000 libras (cerca de 5800 euros) se arrendarem uma casa a um imigrante ilegal. "Eles [os proprietários] não seguem todas as reviravoltas do Brexit e não é razoável supor que serão capazes de adivinhar os detalhes das declarações feitas por Theresa May ou ministros do seu governo", disse David Smith, diretor do RLA.
A RLA tem pedido ao governo que aprove e divulgue diretrizes claras sobre as regras relacionadas com o direito dos proprietários no que diz respeito às rendas. "Tecnicamente, os cidadãos da UE têm o direito de arrendar, mas alguns proprietários não terão conhecimento da lei. Alguns podem nem saber quais são os países da União Europeia ", disse Smith, citado pelo diário inglês The Guardian.
De acordo com as regras que têm sido anunciadas os cidadãos da UE têm o direito de permanecer no Reino Unido, mas ao mesmo tempo estão a ser aconselhados a pedir até dezembro de 2020 documentos que comprovem a sua residência.
Entre as preocupações da RLA está também o facto de o governo ter decidido não emitir documentos que os cidadãos da UE possam apresentar aos proprietários como prova de que vivem no país. Em resposta, o Ministério do Interior inglês anunciou que iria reunir-se com representantes de proprietários este mês e que outras diretivas serão publicadas em breve.
Entretanto, Theresa May gravou este domingo um vídeo com uma mensagem de apelo aos deputados, nomeadamente aos do Labour (Partido Trabalhista) para que se chegue a um acordo no Parlamento inglês que possibilite uma saída controlada do Reino Unido da União Europeia.
Depois de ter sido agendada para o passado dia 29 de março a saída do país da UE foi adiada e ainda não tem uma data final. Na semana passada o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker salientou que se o Parlamento inglês estiver em condições de aprovar o Acordo de Saída, com uma maioria viável, até 12 de abril, a UE deverá, nesse caso, aceitar uma extensão do prazo até 22 de maio. "12 de abril é última data possível para a aprovação. Se a Câmara dos Comuns não se pronunciar até lá, nenhuma extensão suplementar de curta duração será possível", declarou Jean-Claude Juncker.
É neste cenário que surge a mensagem de Theresa May a qual tem um destinatário: Jeremy Corbyn, o líder dos Trabalhistas. "Nos últimos dias as pessoas têm perguntado o que se passa com o Brexit. Não compreendem porque votaram há três anos no referendo para que o Reino Unido deixasse a UE [e ainda não aconteceu]", começa por contar.
Depois lembra que os deputados chumbaram por três vezes o acordo de saída que negociou com a União Europeia e que, ao mesmo tempo, querem que o Reino Unido saía da UE. Por isso defende mais "trabalho conjunto" para se conseguir uma saída que proteja "os empregos e a segurança".