Autarca de Calais proíbe distribuição de comida aos refugiados

Medida serve para impedir que mais migrantes se instalem na cidade onde estava o campo de refugiados a "Selva"
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Foi proibida a distribuição de comida aos refugiados de Calais, França. A decisão foi de Natacha Bouchart, a autarca da cidade onde antes se situava um grande campo de refugiados conhecido como a "Selva".

Bouchart diz que a medida, anunciada por decreto esta quinta-feira, serve para evitar que mais refugiados se agrupem nesta cidade. A autarca defende que "a presença regular e persistente de indivíduos a darem comida aos migrantes" representa um perigo à paz e à segurança da área.

Segundo o The Guardian, as autoridades já apertaram o controlo à volta da área onde centenas de refugiados se encontram e estão a impedir que instituições de caridade se aproximem. A iniciativa de instalar chuveiros na cidade para os adolescentes refugiados também foi barrada pelas autoridades.

Sarah Arrom, que faz parte da instituição de caridade Utopia56 e distribui comida aos refugiados há quatro meses, contou que na quinta-feira a polícia usou gás lacrimogéneo para impedir que os voluntários dessem o pequeno-almoço a 30 adolescentes refugiados.

"Nunca houve gás lacrimogéneo quando estávamos a tentar distribuir comida", contou Arrom ao The Guardian.

Além disso, adolescentes refugiados foram presos duas vezes esta semana enquanto tentavam tomar banho num centro católico que oferece ajuda aos migrantes. "As condições estão a tornar-se cada vez mais problemáticas para os migrantes. Eles não dormem, não tomam banho, eles estão cansados", contou a voluntária. "Nós estamos muito preocupados com o seu futuro".

Muitas associações prometem continuar a ajudar os refugiados às escondidas, ignorando as ordens oficiais.

O ministro do interior francês Bruno Le Roux disse durante uma visita a Calais na quarta-feira que não seria aberto um novo centro para refugiados, pois isso atrairia mais pessoas, mas que a distribuição de comida também não seria impedida.

O campo de refugiados de Calais foi demolido no final de outubro e estima-se que tinha até oito mil migrantes que sonhavam em chegar à Inglaterra, logo do outro lado do canal da Mancha, mas por ali acamparam. No campo estavam também muitos menores e crianças - cerca de 1600 - que foram colocados em centros de acolhimento franceses.

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O destino destes menores gerou alguma tensão entre França e o Reino Unido, com os dois países a debaterem quem os deveria aceitar nas suas fronteiras.

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