Ataques não travam plano de independência da Catalunha

Madrid e várias cidades catalãs estão a instalar pinos e canteiros para evitar atentado como o de Barcelona. Pelo menos quatro pessoas foram detidas pelas autoridades
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O primeiro-ministro espanhol e o presidente da Generalitat estiveram ontem juntos, o primeiro encontro oficial entre os dois em mais de um ano, e passaram uma mensagem de colaboração e união de forças perante a ameaça terrorista, com Mariano Rajoy a sublinhar ser "muito importante que trabalhemos juntos, como uma equipa", e Carles Puigdemont a elogiar o facto de terem podido "trocar informações sobre o estado da situação".

Este encontro entre os dois governantes teve lugar depois de Rajoy e Puigdemont, juntamente com o rei Felipe VI, terem participado no minuto de silêncio na Praça da Catalunha - a par da autarca de Barcelona, Ada Colau, e dos líderes dos principais partidos espanhóis - e cuja palavra de ordem, entoada por milhares de barceloneses, foi: "No tinc por (não tenho medo)."

Mas engane-se quem pense que esta imagem de união pode levar à alteração dos planos do presidente da Generalitat em realizar o referendo sobre a independência da Catalunha a 1 de outubro. "O mapa do processo independentista não vai mudar", garantiu ontem Puigdemont em declarações à Onda Cero.

O número de mortos dos atentados de Barcelona e Cambrils subiu ontem para 14, entre eles uma portuguesa de 74 anos. Segundo as primeiras investigações, os presumíveis autores dos atentados formavam uma célula que atuou precipitadamente após o fracasso de um primeiro plano que poderia ser sido ainda mais mortal. Cinco terroristas foram abatidos pela polícia na madrugada de ontem em Cambrils, quatro deles pelo mesmo polícia. Durante o dia de ontem, as autoridades anunciaram andar à procura de outros quatro terroristas, admitindo mais tarde que todos estes tinham sido mortos em Cambrils. Entre eles, o alegado condutor da carrinha usada em Barcelona.

Até à hora de fecho desta edição, quatro pessoas tinham sido detidas - três marroquinos e um espanhol - e nenhuma delas estava identificada pelas autoridades por atos relacionados com terrorismo, mas alguns tinham antecedentes criminais por delitos comuns.

A Câmara de Madrid começou na noite de quinta-feira a colocar canteiros e pinos nas ruas centrais na sequência dos atentados na Catalunha, medida de segurança já adotada noutras ocasiões quando a cidade acolheu eventos que envolvem multidões. Fontes municipais confirmaram à EFE a colocação daqueles obstáculos em diversas ruas de Madrid por motivos de segurança. A ordem foi dada pelo Ministério do Interior.

Quanto a Barcelona, o conselheiro do Interior da Catalunha, Joaquim Forn, assegurou ontem ser "impossível" colocar pinos em todos os pontos da cidade, apesar da recomendação feita pela Direção-Geral da Polícia na altura do Natal, na sequência dos atropelamentos de Berlim e Nice. De acordo com este responsável, a colocação de barreiras em locais como a Praça da Catalunha ou nas Ramblas iria dificultar o trânsito e não impediria a atuação dos terroristas noutros pontos da capital catalã.

Visão diferente têm outras cidades da Catalunha, como Calafell, Reus e Calella, que ontem instalaram barreiras de cimento nas suas artérias mais concorridas.

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