Atacante de Londres queria "matar muitos muçulmanos"

Indivíduo não estava referenciado na polícia. Há uma vítima mortal. Mesquita teve historial de ligação a islamitas no passado.
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Um homem morreu e outros dez ficaram feridos, dois dos quais em estado grave, devido a um ataque contra muçulmanos nas imediações da mesquita de Finsbury Park, em Londres, considerado uma ação terrorista pelas autoridades britânicas.

Um indivíduo de 47 anos lançou o veículo contra um grupo de pessoas que se encontravam junto de um centro de apoio social ligado à mesquita, uma das principais no Reino Unido e com um historial no passado de ligações a islamitas. O atacante foi imobilizado pelos presentes até à chegada da polícia. As pessoas concentradas procuravam ajudar um idoso que teve um ataque cardíaco e estava a ser assistido à entrada do edifício. O idoso acabou por morrer.

O detido afirmou posteriormente que era seu objetivo "matar muitos muçulmanos". A polícia indicou que não estava referenciado como elemento da extrema-direita. Segundo os media britânicos, o seu nome é Darren Osborne e pai de quatro crianças, residindo em Cardiff com a família. A sua casa foi alvo de buscas durante o dia de ontem. Segundo as autoridades, que classificaram como "terrorismo" os atos de Osborne, este atuou sozinho.

Dados divulgados no final de maio indicavam que os números de "ataques de ódio" contra muçulmanos conheceram um aumento de 530% desde o atentado de dia 22 daquele mês em Manchester, no final de um concerto de Ariana Grande, reivindicado pelo Estado Islâmico. E após o ataque do passado dia 3 numa ponte de Londres, agressões contra elementos da comunidade muçulmana conheceram novo incremento de 240%, de acordo com a ONG Tell MAMA (Measuring Anti-Muslim Attacks) que contabiliza estes atos.

A chefe da polícia de Londres, comissária Cressida Dick, garantiu que os "terroristas não conseguirão dividir a nossa comunidade e fazer-nos viver numa atmosfera de medo". Esta responsável revelou que "mais polícias foram colocados na área de Finsbury Park para garantir a tranquilidade" das pessoas.

O ataque sucedeu pouco depois das zero horas de segunda-feira, tendo sido descrito, pela primeira-ministra Theresa May, como um "ato doentio" e uma tentativa de "destruir a natureza das relações [entre diferentes comunidades] que definem o Reino Unido". Quer a governante britânica quer o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, assim como o presidente da Câmara de Londres, o trabalhista e muçulmano Sadiq Khan, visitaram ontem à tarde a mesquita, tendo-se reunido com o imã. A presença de Corbyn deve-se ainda ao facto de o dirigente trabalhista ser eleito pelo círculo que abrange Finsbury Park. Após a visita daqueles dirigentes, a mesquita foi alvo de uma falsa ameaça de bomba, que forçou à evacuação do edifício.

Fundada em 1994, a mesquita de Finsbury Park teve o nome ligado, no início dos anos 2000, a terroristas como Richard Reid, o "bombista do sapato", e Zacarias Moussaoui, envolvido nos ataques do 11 de setembro. Entre 1997 e 2003 foi seu imã Abu Hamza Al-Masri, que advogava uma forma radical de fundamentalismo e pregava a favor do jihadismo. Em 2003, a mesquita foi encerrada, sendo reaberta em 2005.

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