Alívio na Europa. Número de mortos e de novos casos baixa
A morte de 808 pessoas, por si só, é sempre uma má notícia. Mas no contexto da pandemia do coronavírus e dos óbitos diários associados de Portugal, Espanha, França, Itália e Reino Unido, 808 mortes é um sinal de esperança. Há um mês só em Espanha registaram-se 961 mortes e nos cinco países 3 750.
Também nos novos casos há progressos a registar: 6 955, dos quais mais de metade (4 339) no Reino Unido. Há um mês, só no país vizinho foram confirmados mais 7 947 casos, num total de 19 758 nos cinco estados.
"Os números são muito bons e confirmam a tendência que temos observado. Temos de ver se se consolidam nos próximos dias", comentou o diretor do Centro de Alerta e de Emergências de Saúde de Espanha, Fernando Simón, que ao mesmo tempo disse temer novos surtos. O seu comentário, com as devidas reservas, poderá ser estendido aos outros países em questão.
Mas também se pode citar o primeiro-ministro italiano, que voltou a pedir cautela à população e lembrou os "enormes sacrifícios" realizados, e porque "o vírus continua a circular", o desconfinamento que, em graus diferentes, se regista nos países europeus "não é um 'todos livres' ", como disse Giuseppe Conte em entrevista ao La Stampa .
Espanha registou 164 mortes, o número mais baixo desde finais de março e menos 112 do que no sábado, havendo agora um total de 25 264 óbitos.
Há 838 novos casos positivos, também uma diminuição em relação aos 1 147 de sábado, elevando para 217 466 o total de infetados. Há 118 902 espanhóis curados desde o início da pandemia.
Em Portugal registaram-se mais 20 mortes (1043 no total) e foram confirmados mais 92 casos num universo de 25 282 casos, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde. No nosso país há 1 689 pessoas curadas.
Itália contabilizou mais 174 mortes, o registo mais baixo desde o início do confinamento, a 10 de março, sendo agora o total de vítimas de 28 884.
A curva dos novos contágios também segue em sentido descendente, tendo no último dia aumentado 1389 casos, para um total de 210 717. As autoridades italianas contabilizam 81 654 pessoas curadas.
Em França, que prolongou o estado de emergência sanitário até 24 de julho, há mais 135 mortes, pelo que o total ascende agora a 24 895, dos quais 15 583 tiveram lugar em hospitais e 9312 em lares. O registo marca nova descida em relação aos 166 anunciados no sábado e é o número mais baixo desta semana.
A data anunciada para o fim do confinamento é 11 de maio, mas o ministro da Saúde alertou no domingo de que tudo depende da evolução da epidemia. "Se o confinamento for bem respeitado até ao fim, a tampa terá sido posta no frasco da epidemia e poderemos descontaminar progressivamente nas melhores condições", disse Olivier Véran numa entrevista ao Le Parisien.
"Caso contrário, e se o número de novos pacientes vier a ser demasiado elevado, a data para o levantamento do confinamento poderá ser posta em causa" e reavaliada.
O Reino Unido registou mais 315 mortes nas últimas 24 horas, uma queda de quase 50% nos óbitos face aos 621 comunicados no dia anterior.
O governo britânico regozijou-se com os mais recentes números. "Passámos o pico do coronavírus graças ao seu trabalho incansável. Mas precisamos garantir que isso conte", publicou a conta oficial do gabinete do primeiro-ministro.
Apesar da descida significativa dos números, que apontam para o abrandamento do impacto causado pelo novo coronavírus na população britânica, têm sido frequentes as quebras durante o fim de semana, devido a atrasos nos registos pelas autoridades sanitárias, às quais se segue um novo aumento no número de vítimas.
A atualização deste domingo elevou o número total de mortos para 28 446 no país, o segundo mais afetado na Europa, apenas atrás de Itália, que tinha até este sábado 28 710 óbitos confirmados por covid-19.
Mas o Financial Times foi analisar as estatísticas sobre os óbitos e concluiu que há mais uns 30 mil óbitos entre o início de março e meados de abril em comparação com a média dos últimos cinco anos, pelo que calcula que o número de mortes pelo covid-19 no Reino Unido esteja na realidade na casa dos 47 mil.
O fenómeno não é exclusivo dos britânicos. Uma análise a 21 países revela mais 153 mil mortes do que em anos anteriores.
Acima de Reino Unido e Itália só estão os Estados Unidos da América, com mais de 68 mil vítimas da pandemia.