Afinal, já não vai haver vacina para o Pai Natal nos Estados Unidos
Era um plano para salvar o Natal -ou, pelo menos, o Pai Natal -, mas já não vai acontecer.
As autoridades de saúde dos Estados Unidos tinham planeado fornecer acesso antecipado à vacina contra a covid-19 aos trabalhadores que vão desempenhar papéis durante a época do Natal, como os que se mascaram de Pai Natal. Mas esse plano, relatado pela primeira vez pelo The Wall Street Journal, acabou por ser descartado.
A ideia das autoridades era garantir a imunização a estas pessoas que trabalham em centros comerciais, lojas e parques temáticos, em troca de ajuda na promoção de uma vacina, no âmbito de campanhas públicas de sensibilização.
O The Wall Street Journal revelou que a ideia foi concebida por Michael Caputo, secretário assistente do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), que recebeu uma licença médica de 60 dias no mês passado após fazer comentários incendiários sobre as eleições americanas e depois de se ter envolvido em polémicas políticas devido à pandemia.
Na segunda-feira, uma porta-voz do HHS disse ao The Guardian que a colaboração com o Pai Natal já "não vai acontecer", acrescentando que o secretário de Saúde, Alex Azar, "não tinha conhecimento dessas discussões de promoção da vacina".
E o resto da campanha - que planeava apresentar celebridades, televisão, rádio e anúncios online e eventos ao vivo em 35 cidades - está agora sob revisão.
Ric Erwin, presidente da Ordem Fraternal dos Pais Natal Barbudos, que tem cerca de 650 membros, forneceu ao The Wall Street Journal a gravação de uma chamada de 12 minutos que teve com Caputo, em que este lhe disse que as vacinas seriam provavelmente aprovadas em meados de novembro e dadas aos trabalhadores da linha da frente antes do Dia de Ação de Graças, que neste ano acontece a 26 de novembro.
A dada altura da chamada telefónica, Caputo disse a Erwin: "Se vocês e os seus colegas não são trabalhadores essenciais, eu não sei o que são."
"Dizer que ficamos dececionados é apenas arranhar a superfície. Essa era a nossa maior esperança de ajudar este país a terminar o pior ano de todos da melhor forma possível", desabafa Ric Erwin, ao The Guardian, acrescentando que "neste ano o Natal será mais importante para a psique americana do que nunca, pelo menos desde as profundezas da Grande Depressão ou das horas mais sombrias da Segunda Guerra Mundial".
Porém, Alex Azar ordenou uma revisão estratégica da campanha para decidir se a mesma "serve a propósitos importantes de saúde pública", de acordo com um funcionário do HHS.
Com muitos eventos presenciais cancelados devido à pandemia, este é apenas o último revés para os artistas de Natal nos Estados Unidos. Pela primeira vez em 159 anos, a Macy's cancelou os encontros com o Pai Natal nas suas lojas, substituindo-os por interações virtuais.
Nos EUA, mais de 8,6 milhões de pessoas foram infetadas e 225 230 morreram com covid-19.