A história dos edifícios ambulantes de Xangai
Edíficio de cinco andares e muitas toneladas foi movido 62 metros, com recurso a uma tecnologia de ponta, para dar lugar a um centro comercial. É o quinto edifício histórico a mudar de local em cinco anos.
Os residentes de Xangai que passaram pelo distrito de Huangpu, no leste da cidade chinesa, em outubro, depararam-se com uma estranha visão: Um prédio ambulante. Um edifício histórico que pesa milhares de toneladas a ser movido de um lado para o outro como quem move uma delicada peça de arte.
Construída em 1935 durante a antiga concessão francesa, a Escola Primária Lagena foi transferida para dar lugar a um complexo comercial e de escritórios. A escola com 85 anos foi erguida do chão e recolacada noutro local com recurso a uma nova tecnologia chamada "máquina ambulante".
Primeiro, os trabalhadores tiveram que cavar em redor do prédio para instalar os 198 suportes móveis sob o prédio de cinco andares. Os suportes, que atuaram como pernas robóticas, foram depois divididos em dois grupos, que subiam e desciam alternadamente, imitando o passo humano. Tudo isto com ajuda de sensores acoplados para controlar o avanço do edifício. "É como dar ao prédio muletas para que ele se possa levantar e andar", explicou à CNN, Lan Wuji, supervisor técnico e chefe do projeto.
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O transporte do edifício foi filmado pela empresa e mostra a escola a avançar lentamente, assim como quem dá um passo de cada vez. Tudo isto com uma boa dose de paciência. O prédio foi girado 21 graus e movido 62 metros durante 18 dias. A realocação da escola foi concluída a 15 de outubro e deu lugar a um centro de proteção ao património e educação cultural.
Quinto edifício histórico a ser recolocado desde 2003
Nas últimas décadas, a modernização chinesa foi responsável pela demolição de muitos edifícios históricos para dar lugar a gigantescos e reluzentos arranha-céus. No entanto, nos últimos tempos tem havido uma preocupação crescente com o património arquitetónico, uma vez que ninguém parece querer repetir erros do passado. Durante a desastrosa Revolução Cultural (1966 a 1976), inúmeros edifícios e monumentos históricos foram destruídos. Agora o uso de tecnologias avançadas permite que edifícios antigos sejam recolocados em vez de demolidos.
Para o chefe do projeto, as relocações de edifícios são "uma opção viável" à demolição, além de ser "muito mais barato". Sem divulgar quanto custa uma operação deste tipo, Lan disse apenas que sai mais barato preservar a história do que a demolir.
A recolocação de edifícios tem feito história em Shanghai. Em 2003, o Shanghai Concert Hall, construído em 1930, foi movido mais de 66 metros para abrir caminho para uma autoestrada. Dez anos depois, em 2013, o Edifício Zhengguanghe - um armazém de seis andares, também da década de 1930 - foi também deslocado 38 metros como parte de uma reforma local.
Mais recentemente, em 2018, a cidade moveu um prédio de 90 anos e 7600 toneladas, no distrito de Hongkou, naquele que foi considerado o projeto mais complexo até ao momento, por ser uma construção em T.