A Grécia como Pedrógão Grande: as imagens da tragédia

O presidente da câmara de Rafina-Pikermi, onde fica Mati, a aldeia costeira onde foram encontrados as vítimas mortais entre vários carros carbonizados, disse ter visto "pelo menos 100 casas em chamas": "eu vi com os meus olhos - é uma catástrofe total", contou
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A Grécia arde. As imagens que nos chegam de Mati, uma aldeia costeira a 40 quilómetros de Atenas, na região de Rafina - onde morreram 26 pessoas, apanhadas desprevenidas pelo fogo -, traz à memória Pedrógão Grande e as vítimas mortais portuguesas do verão passado. O último balanço das autoridades gregas aponta para 74 vítimas mortais e 187 feridos. Os incêndios florestais perto de Atenas são os piores na história da Grécia desde 2007.

Os corpos de 26 dos mortos - muitos deles amontoados - foram descobertos na aldeia costeira de Mati na manhã desta terça-feira. Várias pessoas ficaram "presas nas chamas" enquanto tentavam fugir para o mar.

Mais de meio milhar de bombeiros lutaram contra cinco grandes incêndios florestais na Grécia, disse uma autoridade do setor.

Cinco monstros de fogo

Um incêndio deflagrou a leste de Atenas, perto de Kineta; outro a oeste de Atenas, em Kallitexnoupolis, perto de Mati; um perto de Corinto e dois em Creta na região de Chania.

A busca por pessoas desaparecidas está a ser realizada por patrulhas compostas por elementos das Forças Armadas e do Corpo de Bombeiros nas áreas de Neos Voutzas, Mati e Rafina.

Centenas de casas estão a ser ameaçadas pelas chamas.

Os vários incêndios que deflagraram na segunda-feira na Grécia envolveram alguns dos monumentos do país numa nuvem de fumo à mistura com muito calor. A Acrópole de Atenas foi encerrada por razões de segurança.

A fuga para o oceano: moradores relataram cenas angustiantes quando as chamas envolveram Mati e a única saída era correr para a água. Muitos morreram na fuga.

Os dois incêndios florestais nas proximidades de Atenas levaram centenas de pessoas, incluindo turistas, a correr para as praias para serem evacuadas por navios da Marinha, iates e barcos de pesca, onde várias equipas de resgate e voluntários ajudaram os moradores a fugir de Mati.

Uma mulher tenta encontrar o seu cão no meio de carros carbonizados em Mati. Outros moradores procuram documentos que ficaram dentro dos automóveis apanhados pelo fogo. "Mati já nem existe", disse uma das moradoras à Skai TV.

Mais de 600 bombeiros, cinco aviões e dois helicópteros foram mobilizados para enfrentar a situação "extremamente difícil" devido às fortes rajadas de vento, disse o chefe dos bombeiros de Atenas.

Evangelos Bournous, presidente da câmara de Rafina-Pikermi, disse à Sky News que viu "pelo menos 100 casas em chamas", acrescentando: "Eu vi com os meus olhos - é uma catástrofe total". O estado de emergência já foi declarado pelas autoridades regionais.

"Esta é uma situação extrema", disse um dos bombeiros mais experientes, Achilleas Tzouvaras, que aconselha a população a fugir. "As pessoas não podem tolerar tanto fumo durante tantas horas".

Centenas de pessoas tentam, assim, fugir das áreas afetadas pelos fogos.


O primeiro-ministro Alexis Tsipras afimou que o Governo grego está a fazer tudo o que "é humanamente possível para combater estes incêndios" e o país já anunciou que vai pedir ajuda à União Europeia para combater os fogos, os mais graves dos últimos dez anos.

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