Jogos com conteúdo pornográfico e violento vão ser permitidos no Steam

A plataforma online de venda de jogos vai permitir tudo desde que não seja considerado "ilegal" ou criado para enganar os utilizadores
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Foram várias semanas de controvérsia sobre que tipo de jogos deveriam ser disponibilizados online aos jogadores. Conteúdos eróticos e violentos - como um "simulador de tiro escolar" chamado Atirador Ativo, que em maio foi retirado do mercado por ter como pano de fundo o tiroteio numa escola - levantaram a questão sobre como deveriam atuar as plataformas que vendem estes produtos.

Agora a aplicação Steam, que é propriedade da empresa Valve , pronunciou-se sobre o assunto através de um comunicado, onde coloca o peso da ética da escolha sobre os conteúdos adquiridos nos utilizadores da plataforma.

Em resumo, a empresa passará a permitir todo e qualquer tipo de conteúdo - seja ele considerado ofensivo ou problemático -, desde que não seja considerado ilegal ou "trollagem" - gíria da internet para o ato de enganar alguém.

"A Valve não deveria ser a responsável por decidir isso. Se é jogador, não deveríamos ser nós a decidir qual é o conteúdo que pode ou não comprar. Se é um programador, não deveríamos decidir que conteúdo tem permissão para criar. Estas são decisões que só o jogador devia fazer", escreveu Erik Johnson, responsável pelo software da Valve.

De acordo com a Valve, o papel da empresa é perceber o que interessa ao utilizadores e o que estes querem encontrar dentro da loja, e não definir o que se vende. Assim, a partir de agora tudo é permitido no Steam.

"Com este princípio em mente, decidimos que o caminho certo é permitir tudo na Loja do Steam, exceto conteúdos ilegais, ou puramente 'trollagem'", continuou. "Este caminho permite-nos focar menos em tentar policiar o que deveria estar no Steam, e mais em criar ferramentas que deem às pessoas controlo sobre o tipo de conteúdo que poderão ver."

Como as leis mudam de país para país, a plataforma garante ir "estudar jogo a jogo."

Na declaração, a Valve reforça que por ter à venda jogos de cariz pornográfico ou violento isso não reflete a política da empresa.

"Para ser explícito - se permitirmos um jogo na loja, isso não quer dizer que aprovamos ou concordamos com a mensagem que o jogo transmita", lê-se no comunicado.

Rachel Weber, editora de notícias da GamesRadar, disse à BBC que acha que a Valve optou por uma saída fácil da controvérsia.

"A Valve está a colocar-se numa posição em que poderá lucrar diretamente com conteúdo racista e sexista", disse.

"Profissionalmente, tenho medo de pensar nos jogos que aparecerão na nova lista de lançamentos, numa tentativa de testar o que a Valve quer dizer com o trolling, e pessoalmente estou desapontada com o facto de uma empresa tão grande não esteja disposta a envolver-se em questões tão complexas."

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