Nem Ireneu Barreto, Representante da República na Madeira, “decide” - ainda que sugira 9 de março de 2025 como data - , nem Marcelo Rebelo de Sousa decidirá - e é ao Presidente que esse poder está conferido - “sem ouvir os partidos”, em Lisboa, e os conselheiros de Estado..Às certezas e sugestões de Ireneu e às datas dadas na Madeira como certas, Belém responde com a factualidade: “O Presidente da República tem de convocar os partidos e o Conselho de Estado antes de decidir sobre a dissolução da Assembleia Legislativa Regional”. .E tal como, em circunstâncias anteriores, um “novo ciclo” só se abrirá se a questão da “instabilidade” futura, receio já manifestado pelo Representante da República na Madeira, constar do que os partidos disserem em janeiro - e a maioria, até agora, está com pressa. .Manuel António Correia, que quer “evitar” um “pântano político” e um “precipício político” na Madeira - que acredita acontecer se nada mudar no PSD-M - , voltou, ontem, pela segunda vez a pedir ao Presidente da República, “a exemplo do que já fez a nível nacional aquando da saída do dr. António Costa”, que acrescente “um mês e meio ao período normal para estas situações” de eleições antecipadas. Ou seja, 27 de abril ou 4 de maio. .O antigo secretário Regional entregou ontem “cerca de 540 assinaturas”, quase o dobro do necessário para a convocação de “emergência” de um congresso extraordinário no PSD-Madeira, que abra portas a “eleições internas” no partido antes das Eleições Regionais. .O cenário de “pântano” e “precipício político” é, “por um lado, Miguel Albuquerque não consegue maioria, por outro, os partidos que podiam ajudar a estabilizar a governação já disseram que com ele não, e, por outro lado ainda, temos o Parlamento que não pode ser dissolvido durante cerca de um ano e meio”, argumenta Manuel António Correia..Conclusão? “Tudo junto vai levar a Madeira para um Governo de gestão durante esse tempo.”.Ireneu Barreto, Representante da República na Madeira, já admitiu, por outras palavras, esse cenário de incerteza ao confessar não saber, após as eleições, “se vamos ter estabilidade. Isso é que me preocupa”..Daí que seja pedido por Manuel António Correia ao “sr. Presidente da República” esse “mês e meio ao período normal para estas situações” porque, sustenta, com “esse mês e meio a mais, nós conseguimos dar estabilidade à Madeira durante anos”..Garantido é a recusa de Manuel António Correia numa “candidatura independente”, como noticiado na Madeira, porque o “foco é regenerar o PSD, reconquistar população e abrir novo ciclo vencedor”. .De todos os partidos, só o CDS não manifesta o argumento de eleições o “mais rápido possível” - apenas “nunca antes do Carnaval” -, porque tudo “vai depender da necessidade ou não de clarificações internas de alguns partidos”, referência a Miguel Albuquerque (PSD) e Paulo Cafôfo (PS). .A IL não recusa a possibilidade desse adiamento “se o PSD-M pedir a clarificação”, mas, “não pedindo, não estou a ver o Presidente da República a interferir num litígio interno de um partido”, diz Gonçalo Camelo..A dúvida do coordenador da IL tem esclarecimento de Belém: o Presidente não se vai imiscuir nas questões internas do PSD-M..Por vontade de Albuquerque nada acontecerá. O líder do Governo, ao contrário do que defendeu em 2012 e 2014 - anos que houve eleições internas contra Jardim -, diz agora que “qualquer situação de divergência dentro do partido ou de regras fratricidas para satisfazer os egos vem prejudicar o PSD e vem valorizar a oposição (…). É completamente inoportuno”..Em 2011, antes da primeira disputa em 2012 contra Alberto João Jardim, o histórico líder madeirense tinha ganhado as Eleições Regionais com mais uma maioria absoluta. A viragem deu-se em 2019 com Albuquerque que conseguiu a primeira minoria para o PSD - resultados que se repetiram 2023 e 2024. Apenas em 2015, Miguel Albuquerque conseguiu segurar os resultados que o PSD obtinha desde 1976..O presidente do Governo Regional “aguarda, sempre preparado, a declaração do Presidente da República” com a convicção de que a data de “9 de março” proposta por Ireneu Barreto, Representante da República na Madeira, “será aceite por todos os partidos, ou melhor todos querem”..Paulo Cafôfo, líder do PS-M, à semelhança de Albuquerque, mantém a “posição” do “quanto mais depressa melhor”..Élvio Sousa, secretário-geral do JPP, defende a data “apertada” de 23 de fevereiro, mas recorda que a “generalidade aponta para dia 9 de março”. .O líder do quarto maior partido na Madeira, o Chega, diz que “tendo em conta os 30 dias perdidos pelo PS-M que alegou a necessidade de viabilidade do Orçamento Regional que o mesmo partido votou contra, acho que quanto mais rápido melhor”. E isto, explica, “na esperança” de a Madeira “ter um Orçamento aprovado lá para abril”.