"Já estamos a ter pais já a apresentar recurso das decisões do conselho de turma", admitiu hoje à Lusa o secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), João Dias da Silva, à margem da conferência de imprensa que decorreu esta manhã no Porto sobre a "Avaliação do Ano Letivo 2017/2018..Segundo explicou João Dias da Silva, um aluno que chegue ao conselho de turma com, por exemplo, propostas de nota dois a quatro disciplinas - a escala é de 1 a 5, sendo que dois é negativa -, pode vir a conseguir passar de ano após os docentes discutirem e refletirem nas características do aluno. .Mas "se os professores se limitam a lançar para uma folha de Excel aquilo que são as suas propostas, fica a faltar aquilo que é o resultado da interação pedagógica dos professores, aquilo que é o resultado do trabalho de equipa que os professores têm de fazer para que os alunos sejam inteiramente justiçados e os seus interesses sejam protegidos", defendeu o secretário-geral da FNE.."Se for só lançar tudo para uma folha de Excel, porque o conselho de turma pode funcionar só com um terço dos seus professores, qual é o contributo de todos os outros que estão a faltar?", questiona aquele responsável, criticando a forma como o ano letivo terminou e que constituiu uma "desvalorização muito forte daquilo que é a dimensão pedagógica das reuniões de conselho de turma".."Quando o Ministério da Educação transforma as reuniões de conselho de turma numa mera reunião administrativa, burocrática, estamos a retirar condições de justiça e de respeito pelo interesse dos alunos, porque a justiça e o interesse dos alunos num processo de avaliação só é inteiramente assegurado quando todos os professores estão presentes e podem discutir entre si qual é a avaliação que é adequada para cada aluno", defendeu..Num comunicado de imprensa distribuído hoje na conferência de imprensa, a FNE considerou que o ano letivo 2017/2018 que termina agora foi assinalado "por um violento ataque à dimensão pedagógica da avaliação dos alunos" ao impor a realização de reuniões de conselhos de turma apenas com um terço dos seus professores e diz que "uma reunião não é o preenchimento de uma folha Excel"..\tEstaremos intransigentemente na primeira linha da defesa do que são as competências próprias e exclusivas dos docentes em relação às decisões que se prendem com o núcleo da sua profissionalidade, o processo de ensino aprendizagem, aí se incluindo o processo de avaliação dos alunos", diz a FNE, avisando que "não aceita qualquer tentativa de alteração da legislação vigente que ponha em causa dos princípios essências de reconhecimento do espaço autónomo dos professores"..Os professores realizaram greves às avaliações e a 20 deste mês existiam milhares de alunos ainda sem notas. O Ministério da Educação teve de dar instruções aos diretores para que só autorizassem o gozo de férias pelos professores se as avaliações estivessem concluídas.