Novo Martim Moniz vai ter um grande parque verde e menos carros
O executivo liderado por Carlos Moedas vai submeter hoje a votação em reunião de câmara o projeto vencedor do concurso internacional para a requalificação da praça do Martim Moniz. A proposta aponta para uma praça em torno da Capela de Nossa Senhora da Saúde virada para um grande espaço verde, com parque infantil, esplanada e um miradouro. De forma a reduzir a circulação automóvel, pelo que as artérias em torno desta zona serão alvo de mudanças, em particular a Rua da Palma.
Da autoria de Filipa Cardoso de Menezes & Catarina Assis Pacheco - Arquitetura Paisagista, Lda, o projeto recorda que o Martim Moniz é ladeado pela riqueza histórica da muralha Fernandina, mas que também é uma praça sem espaços verdes.
Segundo a proposta que será apresentada hoje em reunião da vereação da Câmara de Lisboa, o ajuste direto à empresa vencedora envolve uma despesa de 568 260 euros, valor que já envolve os 30 mil euros por terem sido os vencedores do concurso. A liquidação desta despesa está dividida em parcelas pagas de 2023 a 2026.
"A proposta de intervenção vai, então, no sentido de criar neste locus desertum um amplo espaço verde, que virá recuperar a vocação produtiva que já ali existiu - quando uma grande parte da praça estava preenchida com terreno agrícolas. Propor um novo jardim e desfazer a "ilha" árida nasce com o desenhar de um muro de contenção, fundado na laje de estacionamento existente. A esta "antiga-nova" muralha será atribuída uma função contemporânea, muito para lá do evidenciar do património histórico: será o elemento que permite elevar o terreno e sustentar uma larga e profunda plataforma de solo vivo, capaz de criar um novo espaço bioclimático que servirá a cidade", pode ler-se no projeto, a que o DN teve acesso.
O objetivo é construir um novo e comprido jardim urbano, virado para a colina do Castelo de São Jorge e para a Mouraria, abrindo-se a nova praça ampliada e requalificada em torno da Capela de Nossa Senhora da Saúde. Nesta praça será criada uma zona exclusivamente pedonal, a plantação de árvores em caldeira e integração de jogos de água, através de repuxos embutidos no pavimento. Entre a capela e o jardim haverá uma zona de transição, com a integração de lanços de escadas e bancadas longilíneas que dão origem a um anfiteatro virado para a colina da Mouraria.
Já a "antiga-nova" muralha será um muro de contenção desenhado sobre a antiga muralha Fernandina e fundado no parque de estacionamento subterrâneo, um "elemento que permite sustentar uma larga e profunda plataforma de solo vivo, capaz de criar um grande corpo verde, que servirá a cidade enquanto espaço bioclimático promotor de biodiversidade". A proposta prevê ainda alterações dos acessos e da rampa de saída sul do estacionamento e a supressão de alguns lugares para criar uma grande cisterna de armazenamento de águas, que servirá para alimentar a rede de rega do jardim.
Este parque urbano incluirá ainda, mais junto ao topo norte, um parque infantil, uma cafetaria com esplanada e instalações sanitárias, e um miradouro, que se localizará elevado sobre a cobertura da cafetaria e se abrirá sobre o jardim e a praça.
A Rua da Palma será também alvo de várias mudanças: o eixo principal de circulação viária terá duas faixas de rodagem em cada sentido, delimitadas por um separador central, sendo que as faixas do lado exterior serão para os transportes públicos (incluindo as linhas de elétrico), enquanto o passeio poente é alargado e são criadas duas passadeiras. Uma das passadeiras terá uma ligação acessível ao jardim através de rampa e ligação à Capela de Nossa Senhora da Saúde e às Escadinhas da Saúde. Na praça do Martim Moniz, na continuação desta artéria, será construída uma ciclovia bidirecional de ligação à ciclovia da avenida Almirante Reis.
A Travessa da Palma também será reabilitada, com a beneficiação das áreas verdes, a colocação de bancadas, a criação de um percurso assistido de ligação à rua do Arco da Graça e colina de Santana, com a integração de escadas mecanizadas/rolantes exteriores.
No topo sul, está prevista a criação de uma rotunda viária de ligação entre a Rua do Arco do Marquês de Alegrete e a Rua da Palma, com duas vias de circulação, de forma a garantir inversões de marcha e acesso ao Hotel Mundial, sendo que, além da faixa de transportes públicos, integrará as linhas de elétrico redesenhadas e os respetivos términos e paragens. "Nesta zona, o pavimento das vias passará a cubo de calcário, marcando a chegada ao centro histórico, privilegiando o peão e estabelecendo uma relação matérica com a Rua Barros Queiroz e o Largo de São Domingos", pode ler-se no projeto vencedor.
Haverá ainda um reperfilamento da Rua do Arco do Marquês do Alegrete e Poço do Borratém, com ampliação dos passeios pedonais, arborização e integração de um canal de ciclovia na ligação ao troço preexistente na Rua João das Regras.