Mais linhas da Carris, mais estacionamento, ciclovias, estações GIRA e soluções pedonais são os pedidos que Silvino Correia, presidente da Junta de Freguesia do Beato, faz à Câmara Municipal de Lisboa..Estas carências levaram-no mesmo a apresentar na Assembleia Municipal de Lisboa a recomendação "Mobilidade e Estacionamento na Freguesia do Beato", documento de quatro pontos, que foi aprovado por unanimidade pelos deputados municipais, com a exceção de uma alínea, que recebeu a abstenção do CDS-PP.."A população do Beato há muitas décadas que sofre com este isolamento interno e, muitas vezes, apesar de estarmos dentro de Lisboa, parece que estamos numa cidade à parte. Peço que façam da freguesia do Beato uma parte integrante da cidade", declarou Silvino Correia na sua intervenção na Assembleia Municipal.."A freguesia é bastante desigual, quer a nível de transportes, quer a nível de estacionamento mas, para além das questões que já são hoje um fator de preocupação, temos também uma preocupação acrescida com o futuro, nomeadamente dois ou três pontos mais críticos que nós consideramos que vão tornar-se ainda mais críticos", explica Silvino Correia ao DN..Um desses pontos críticos é o facto de a freguesia estar dividida ao meio por uma linha ferroviária de serventia da CP que liga a Linha da Cintura à Linha do Norte, onde só passam comboios de passageiros fora de serviço ou composições de mercadorias. "Essa linha corta o território ao meio e a freguesia não tem uma ligação direta interna rodoviária. As pessoas para se deslocarem da zona da Picheleira para a zona de Xabregas ou ao Beato, por exemplo, têm que ir às freguesias vizinhas de Marvila ou da Penha de França porque não há uma ligação interna rodoviária ou pedonal. Não concebemos que em pleno século XXI, em plena capital do nosso país, estejamos a viver esta situação, que se arrasta. Como tal, instamos a câmara a olhar de frente para este problema e que tente encontrar soluções para o resolver", prossegue o autarca..Em breve entrarão em funcionamento duas creches na freguesia, bem como o Centro de Saúde do Beato, na rua Marquês de Olhão, com capacidade para prestar cuidados a 16 mil pessoas. Valências para as quais, segundo Silvino Correia, não foram pensadas soluções de estacionamento e de transportes públicos. Para estes espaços "é imprescindível acautelar zonas de estacionamento automóvel, acessos para mobilidade suave, eventual instalação de estação de bicicletas GIRA, rever os percursos/linhas e paragens da Carris e da Carreira de Bairro, bem como acessibilidades pedonais adequadas", defende o presidente da Junta do Beato na recomendação que apresentou na Assembleia Municipal..Buraco negro na rede GIRA.Outra das preocupações da freguesia quanto à mobilidade e acessos é o Hub Criativo do Beato, localizado na rua da Manutenção. "É uma preocupação muito grande. Neste momento ainda tem lá pouca gente a trabalhar, mas poderá ter até três mil pessoas, o que perfaz um fluxo muito grande de pessoas que precisarão de ir para aquele local e, portanto, vamos ter que ter respostas ao nível dos transportes e locais para as pessoas estacionarem", avisa Silvino Correia, lembrando que "não há espaço para as pessoas estacionarem" e, como tal, "tem de se encontrar uma forma de incrementar os transportes"..A Câmara de Lisboa decidiu entretanto construir um silo de estacionamento junto a uma das entradas do Hub Criativo do Beato, obra que, para o autarca, "responde a parte do problema", mostrando-se "expectante que avance". Esta infraestrutura tem uma capacidade prevista para 300 veículos, distribuídos por seis pisos - três subterrâneos e três à superfície - e prevê ainda a instalação no seu topo de uma zona de lazer e um parque infantil, o que a torna "uma obra importante não só pelo estacionamento, mas também pelo impacto que vai ter na comunidade local"..A freguesia do Beato queixa-se também de estar a ser preterida na área da mobilidade suave, nomeadamente no incremento da rede de ciclovias e em novas estações GIRA. "Nós temos uma das mais antigas ciclovias de Lisboa, que é aquela que está na avenida Infante D. Henrique, e até agora temos estado excluídos da rede GIRA. Sabemos que junto ao Hub Criativo já estão a instalar duas estações, ainda não estão funcionais, mas o resto da freguesia está completamente arredada. Nem se tenta perceber onde é que é possível fazer ciclovias, onde é possível colocar mais estações", lamenta Silvino Correia, reforçando ao DN a ideia de que "desde o início" a sua freguesia se sente "excluída porque as pessoas vêm do centro da cidade, por exemplo, para o Parque das Nações e há uma panóplia de rede de estações e depois existe este deserto entre a Baixa e o Parque das Nações"..Com a aprovação da recomendação na Assembleia Municipal, o presidente da Junta do Beato, que diz não ter explicação para este esquecimento, espera agora que a câmara "consiga encontrar a capacidade para, pelo menos, entender estas preocupações e, com o ritmo necessário, que consiga solucionar estes problemas"..ana.meireles@dn.pt