Associação quer Fonte Luminosa classificada como monumento
Obra da Alameda Dom Afonso Henriques é de 1948, mas até hoje não recebeu qualquer tipo de classificação. Fórum Cidadania LX espera ter uma resposta da DGPC dentro de um ano.
A Direção-Geral do Património Cultural recebeu a 28 de novembro um pedido de classificação da Fonte Monumental, mais conhecida por Fonte Luminosa, entregue pela associação Fórum Cidadania LX. O objetivo deste grupo de cidadãos é que esta referência da cidade de Lisboa, localizada numa das pontas da Alameda Dom Afonso Henriques, seja classificada como monumento de interesse público ou até mesmo como monumento nacional.
"Acho que é uma fonte única, julgo que no país inteiro. É uma fonte típica de uma época que foram raríssimas as que foram feitas, é uma fonte monumental, conhecida por toda a gente, faz parte do quotidiano não só daquele bairro mas de toda a Lisboa. Tem também aquela singularidade de, como está numa grande alameda, ser palco das mais diversas manifestações partidárias simbólicas que houve no país. É toda uma carga simbólica e afetiva que a fonte tem, para além de ser uma obra de arte de arquitetura da água notável, e escultórica e paisagística, porque remata muito bem aquela alameda", explica ao DN Paulo Ferrero, presidente da associação Fórum Cidadania LX.
A Fonte Luminosa é um dos exemplos da arquitetura do Estado Novo, tendo o projeto sido feito pelos irmãos Carlos e Guilherme Rebello de Andrade. As esculturas ficaram a cargo de Diogo de Macedo e Maximiano Alves, enquanto que os baixos relevos são assinados pelo ceramista Jorge Barradas. Inaugurada em maio de 1948, e desde então sob a alçada da Câmara Municipal de Lisboa, a Fonte Luminosa foi projetada para comemorar a construção do Canal do Tejo e o abastecimento regular de água à cidade.
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Os processos de classificação da Direção-geral do Património Cultural costumam ser morosos, seja pela falta de pessoal, mas também pela burocracia que pode envolver. Mas, neste caso, Paulo Ferrero acredita que as coisas serão mais expeditas. "Talvez lá para final do ano que vem já está classificado. Se eles acharem que tem interesse em ser classificado, claro. Mas como aquilo já teve uma intenção de processo aqui há uns anos, acho que não há nada a opor. E não é um prédio, não tem sobre si a ameaçada de projetos de licenciamento, e, portanto, não haverá ninguém que se oponha", vaticina o presidente da Fórum Cidadania LX.
A grande dúvida é, a acontecer, que classificação será dada à Fonte Luminosa, sendo que as possibilidades aventadas por esta associação são monumento de interesse público ou monumento nacional. "Eu por acaso até acho que devia ser monumento nacional, porque nós não temos outra fonte nem sequer parecida - temos aquela fonte luminosa da Praça do Império, mas que não se compara. Esta é mesmo uma daquelas fontes monumentais típicas daqueles anos e que também foi uma inovação em termos circuito da água. Acho que toda a gente reconhece que a Fonte Luminosa devia ser classificada como um monumento de interesse público, no mínimo", defende Paulo Ferrero.
"Também podem dizer que não tem interesse e sugerir que a Câmara de Lisboa classifique a Fonte Luminosa como tendo interesse municipal. A DGPC tem feito muito isso em resposta vários pedidos de classificação de prédios, sobretudo: dizem que não tem interesse nacional ou público e mandam de volta. Mas aqui acho que não vai acontecer isso".