40% dos moradores de Lisboa dizem sentir frio em casa no inverno

Estudo pioneiro sobre a capital mostra que mais de 70% dos residentes optam por vestir mais roupa ou usar mais cobertores antes de recorrer a aparelhos de aquecimento.
Publicado a
Atualizado a

Em Lisboa, 40% dos seus moradores admitem sentir frio em casa no inverno, sendo que este valor cai para 32% quando falamos do calor sentido nas residências da capital no verão. É ainda referido que o frio e o calor excessivos no interior das suas habitações afetam negativamente a saúde, nomeadamente a qualidade do sono. Estas são algumas das conclusões preliminares do estudo sobre o desempenho térmico e pobreza térmica realizado pela Lisboa E-Nova - Agência de Energia e Ambiente de Lisboa, que serão apresentadas quinta-feira.

"Uma das principais conclusões deste estudo, referindo que em Lisboa ainda não tinha sido feito um deste género, é que acima de metade dos inquiridos reconhece que há uma relação entre conforto térmico e saúde", diz ao DN Sara Freitas, coordenadora de projeto na Lisboa E-Nova. "E depois temos a questão de as pessoas sentirem a sua casa, tanto no inverno como no verão, desconfortável em grande parte do tempo", acrescenta a mesma responsável.

Olhando para os resultados preliminares deste estudo, de facto, 54% dos moradores em Lisboa considera que passar frio ou calor em casa tem um impacto negativo no seu estado de saúde, sendo que "tanto no verão, como no inverno, a percentagem de pessoas que sente impacto no sono é muito grande", refere Sara Freitas.

No que diz respeito à forma como os lisboetas tentam combater o frio ou o calor nas suas casas, os resultados trazem algumas surpresas, como a opção por usar roupa mais quente ou apostar na abertura de janelas e estores antes de recorrem a aparelhos de climatização. "Em Lisboa, mais de 70% referiu vestir roupa mais quente, também acima de 70% está a opção por colocar mais cobertores e roupa mais quente na cama. E depois existem dados interessantes, como os cerca de 20% que dizem que não aquecem a casa no inverno, face aos acima de 40% que afirmam que não arrefecem a casa no verão", enumera esta responsável da Lisboa E-Nova. "Aqui a questão da pobreza energética e do conforto ainda é algo que está muito focado no inverno e na questão do aquecimento, e ainda não se percebeu que o calor excessivo também tem um impacto, que é mais gradual ao longo do tempo, mas ao qual se deve dar atenção, porque as cidades estão a ficar cada vez mais quentes", sublinha Sara Freitas.

Ainda neste capítulo há a notar que, segundo a responsável da Lisboa E-Nova, "cerca de 1/3 dos inquiridos reportam usar o aquecedor a óleo, que é um dos equipamentos menos eficientes, mas que ainda está muito presente nas nossas habitações, sendo que em termos de arrefecimento também as ventoinhas estão muito presentes, igualmente com 1/3 a afirmar usar este equipamento. O ar condicionado, sendo um dos aparelhos com maior eficiência, está presente em cerca de 20% das habitações".

Outro dado que faz parte dos resultados preliminares mostra que 59% dos moradores da capital identificam alguma situação de ineficiência construtiva nas suas habitações. As mais apontadas são a humidade (31%), entrada de ar através de portas e janelas (29%), fraco isolamento térmico das paredes (20%) e da cobertura (14%).

Questionados sobre literacia energética, 47% dos inquiridos em Lisboa diz-se informado sobre temas de energia e conforto térmico na habitação, mas cerca de 70% não sabe responder se a sua habitação está classificada energeticamente ou a que classe energética pertence. A classe C é a mais reportada por quem tem este conhecimento, seguida da B.

Embora mais de metade desconheça a existência de fundos de apoio à realização de obras de renovação em casa de forma a melhorar a sua eficiência energética - como o Programa de Apoio Edifícios + Sustentáveis -, 80% dos inquiridos consideram ser importante a existência de gabinetes de aconselhamento público gratuito sobre energia e conforto térmico em casa.

Cerca de 40% dos residentes no Porto admite desconforto em relação à temperatura em casa durante o inverno, enquanto 23% diz-se igualmente desagradado com a temperatura em casa no verão, de acordo com o estudo sobre o desempenho térmico e a pobreza energética levado a cabo na Invicta pela AdEPorto-Agência de Energia do Porto.

O documento mostra que 47% dos inquiridos no Porto identificam alguma situação de ineficiência construtiva nas suas habitações, sendo as mais apontadas a infiltração excessiva de ar pelas portas e janelas, a presença de humidade e o fraco isolamento térmico das paredes.

De notar ainda que 70% dos moradores não sabem dizer se a sua casa está classificada energeticamente ou a que classe pertence. E embora mais de metade não saiba que existem fundos de apoio à realização de obras de renovação em casa para melhoria da sua eficiência energética, 77% acha importante a existência de gabinetes de aconselhamento sobre energia e conforto térmico habitacional.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt