Inês de Medeiros, presidente da Câmara Municipal de Almada, anunciou esta quinta-feira que a interdição de circulação de pessoas no Cais do Ginjal, em Cacilhas, vigora até 1 de maio, mas pode ser prolongada em função das soluções encontradas até essa data.A presidente da Câmara de Almada, no distrito de Setúbal, deu esta manhã uma conferência de imprensa para anunciar que ficou concluída a criação da barreira que encerra o acesso ao cais do Ginjal e que todas as pessoas que vivem naquela zona terão de sair.Além disso, a autarquia decidiu ativar uma Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP) para acolher, durante cerca de duas semanas, as 50 pessoas que vivem em vários edificados da zona do Ginjal.As zonas de concentração e apoio à população são áreas criadas pela Proteção Civil para acolher temporariamente pessoas deslocadas de zonas não seguras, garantindo entre várias valências a dormida e a alimentação durante um determinado período.“Não é de ânimo leve que, como é público, a Câmara Municipal da Almada se viu obrigada a decretar a situação de alerta no âmbito da Lei de Bases de Proteção Civil e que, a partir de hoje, será interditada a circulação de pessoas no Cais do Ginjal”, disse Inês de Medeiros.Segundo a autarca, o estado de degradação extrema desta zona do domínio público hídrico, e tendo em conta as avaliações técnicas do Serviço Municipal de Proteção Civil da Almada, não deixou outra opção que não a interdição de circulação no espaço de forma a garantir a segurança de pessoas e bens naquela zona.“Estamos a tentar encontrar uma solução que permita reabrir aquele acesso o mais rapidamente possível, desde que estejam garantidas as condições de segurança”, frisou.A autarca adiantou que tem já agendada uma reunião com a Administração do Porto de Lisboa (APL) para o dia 14 de abril, entidade que tem a jurisdição daquele território e que, numa resposta enviada à agência Lusa, disse não ser da sua competência intervir no Cais do Ginjal, considerando que essa é uma responsabilidade da autarquia e dos proprietários privados.“Devo dizer que até agora a APL não rejeitou que tem jurisdição sobre aquela questão, apenas rejeita que tenha de pagar qualquer fatura. É isso que nós iremos clarificar com a APL”, disse adiantando que ficou surpreendida com a posição da APL.Relativamente às pessoas que vivem em edificados degradados naquela zona, a autarca avançou que a interdição de circulação e a necessidade de emparedamento dos edifícios faz com que as pessoas deixem de ter acesso a estes locais, tendo por isso sido acionada a ZCAP para onde serão deslocadas caso o desejam.Nos últimos dias, explicou, os serviços da autarquia têm mantido contacto com estas pessoas com o objetivo de as ajudar a encontrar, desde já, uma solução definitiva.“Nalguns casos, devo dizer, já tínhamos encontrado soluções e depois de terem aceitado serem, desde já, realojadas em alojamentos temporários, foram dissuadidas”, disse adiantando que tomará todas as medidas necessárias contra quem colocar as pessoas em risco.O movimento Vida Justa emitiu um comunicado a criticar a autarquia pelos despejos no Cais do Ginjal não assegurarem uma solução de alojamento a longo prazo.Segundo o movimento, os moradores do Ginjal “estão em risco de ser brutalmente retirados da sua rotina, sendo obrigados a faltar ao trabalho ou à escola, acumulando problemas pelos quais serão depois penalizadas”.Os moradores o Cais do Ginjal e o movimento Vida Justa exigem a suspensão de todos os despejos e demolições sem alternativas dignas, uma intervenção no caminho pedonal do Ginjal - que se encontra ao abandono há vários anos - e que seja feito um apuramento sério da situação social das famílias, encontrando soluções dignas para as pessoas desalojadas, tendo em conta, igualmente, a existência de crianças e a necessidade de acautelar a sua estabilidade..Em estado de alerta, Almada interdita Cais do Ginjal.Almada: Cais do Ginjal vai ter um coração novo com linhas velhas para manter a memória