O Paquistão disse esta quinta-feira ter abatido 25 drones indianos kamikaze de fabrico israelita sobre nove das suas cidades, incluindo Rawalpindi e Karachi. Já a Índia alegou que o seu sistema de defesa aéreo “neutralizou” um ataque paquistanês contra diferentes alvos militares, tendo respondido visando os sistemas de radar em várias zonas no Paquistão e destruindo as de Lahore. Apesar dos apelos à contenção, a tensão continua a escalar entre as duas potências nucleares, que há mais de oito décadas disputam Caxemira.O governo de Islamabad deu ordens às Forças Armadas para retaliarem depois do ataque indiano na noite de terça para quarta-feira, que não se limitou a alvos na Caxemira paquistanesa, como noutros momentos de tensão no passado. Mas, ao princípio da manhã, houve “um novo ato de agressão” da Índia, segundo os paquistaneses. Os indianos alegaram contudo ter respondido a um ataque de Islamabad (intercetado pelo seu sistema de Defesa), lançando os drones Harop contra alvos militares - na noite anterior só tinham visado alegados alvos terroristas.Nova Deli acusa Islamabad de proteger os grupos terroristas que, nas últimas décadas, têm atacado a Índia de olho em Caxemira - um antigo Estado semiautónomo, de maioria muçulmana, que após a independência de Índia e Paquistão, em 1947, acabou dividido entre os dois e cuja totalidade ambos reclamam. O último ataque terrorista, a 22 de abril, matou 25 turistas indianos e o guia nepalês, espoletando o novo escalar do conflito. Os paquistaneses negaram qualquer responsabilidade nesse ataque.A tensão agrava-se com as acusações mútuas de partilha de informações falsas, aumentando a incerteza sobre a situação. Islamabad diz que a Índia “inventou” o ataque do Paquistão contra alvos militares indianos durante a noite, alegando ainda que é “uma grande mentira” que Nova Deli tenha atacado instalações militares paquistanesas. O Paquistão alega que a Índia atingiu, entre outros locais, uma barragem.O porta-voz do Exército, o tenente-general Ahmad Sharif Chaudhary, lembrou que, “no século XXI, todos os projéteis deixam um rasto digital e uma assinatura” e denunciando a “propaganda” do lado indiano.Na véspera, Islamabad alegou ter abatido cinco caças da Índia. Nova Deli não confirmou - apesar de testemunhas dizerem que pelo menos três caças caíram do lado indiano. Ontem, oficiais norte-americanos disseram à Reuters que pelo menos dois caças indianos (sendo que um deles seria um Rafale de fabrico francês) foram abatidos por um avião de combate paquistanês de fabrico chinês.Em relação a mortes, os dados também não são claros. No ataque inicial indiano, o Paquistão disse que foram mortos 26 civis - já Nova Deli alegou não ter registo desses dados, falando apenas da morte de terroristas.Logo após o início da ação indiana, apelidada Operação Sindoor, intensificaram-se as trocas de tiros junto da Linha de Controlo - que divide a Caxemira. Pelo menos 48 pessoas terão morrido de ambos os lados, a maioria dos quais civis. Esta quinta-feira, no alegado ataque indiano, pelo menos um civil morreu e quatro soldados ficaram feridos perto de Lahore. Por seu lado, os paquistaneses alegam terem morto dezenas de soldados. RetaliaçãoA retaliação paquistanesa “está a tornar-se cada vez mais certa agora”, disse à Reuters o ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Muhammad Asif. “Ainda me abstenho de dizer que é a 100%. Mas a situação tornou-se muito difícil. Temos de responder.”O chefe da diplomacia indiano, Subrahmanyam Jaishankar, ao receber o homólogo iraniano, Abbas Araghchi, assegurou que “não é intenção” da Índia “causar uma nova escalada” do conflito. Contudo, acrescentou, qualquer ataque das forças de Islamabad vai gerar “uma resposta firme” da parte de Nova Deli. O funcionário de topo (não-eleito) do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano, Vikram Misri, disse por seu lado que a intenção de Nova Deli “não era escalar a situação, estamos a responder apenas à escalada original”. E reiterou que “a nossa resposta foi direcionada, precisa, controlada e medida”.