Volodymyr Zelensky.
Volodymyr Zelensky.EPA/SERGEY DOLZHENKO

Zelensky renova proposta para se encontrar com Putin na véspera de novas negociações com Rússia

Kremlin afastou a possibilidade de serem feitos “avanços milagrosos” durante a terceira ronda de negociações com a Ucrânia que irá decorrer na quarta-feira em Istambul, na Turquia.
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Volodymyr Zelensky renovou esta terça-feira, 22 de julho, a sua proposta para uma reunião ao mais alto nível com Vladimir Putin, para negociar o fim da guerra na Ucrânia.

O presidente ucraniano reforçou a sua sugestão na véspera das próximas negociações de paz entre Moscovo e Kiev, que estão agendadas para quarta-feira, na Turquia, depois de duas sessões anteriores com poucos resultados para pôr fim à guerra.

Zelensky insiste que estas delegações de nível inferior que têm reunido não têm o peso político necessário para interromper os combates nem para aproximar as duas partes.

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"A Ucrânia nunca quis esta guerra, e é a Rússia que deve pôr fim à guerra que ela própria iniciou", afirmou o presidente ucraniano numa publicação no Telegram.

Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou esta terça-feira que "é necessário fazer muito trabalho antes de uma discussão detalhada sobre a possibilidade de reuniões de alto nível", frustrando as esperanças de uma cimeira de líderes em breve.

A Rússia e a Ucrânia concordaram, nas duas reuniões anteriores, também realizadas em Istambul, em trocar prisioneiros e corpos de soldados mortos.

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Nestas negociações, a Ucrânia exigiu um cessar-fogo imediato e incondicional de 30 dias, o que a Rússia rejeitou.

A delegação ucraniana na quarta-feira será chefiada pelo antigo ministro da Defesa, Rustem Umerov, que é agora secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, e incluirá representantes dos serviços de informação ucranianos, do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do gabinete do presidente.

O Kremlin já afastou a possibilidade de serem feitos “avanços milagrosos” durante a terceira ronda de negociações com a Ucrânia.

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“É claro que não há razão para esperar qualquer tipo de avanço milagroso. Dada a situação atual, isso dificilmente seria possível”, disse o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária.

Apesar de não ter confirmado oficialmente a participação russa, Peskov manifestou confiança de que a terceira ronda se realizará “esta semana”, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter ameaçado Moscovo com sanções e aumento de tarifas caso a Rússia não chegue a acordo com Kiev no prazo de 50 dias, ou seja, antes de setembro.

O porta-voz do Kremlin sublinhou ainda que os negociadores russos “pretendem garantir os interesses [do país] e alcançar os objetivos estabelecidos desde o início”, lembrando que as partes trocaram memorandos sobre a sua visão para a resolução do conflito e os dois documentos são “diametralmente opostos”.

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Por isso, Peskov considerou que as trocas de prisioneiros de guerra e de corpos de combatentes, realizadas na sequência das duas primeiras rondas, já podem ser consideradas um “resultado frutífero”.

A delegação russa, como já tinha avançado Peskov, deverá voltar a ser chefiada pelo conselheiro presidencial Vladimir Medinsky.

De acordo com a presidência turca, a reunião terá lugar no Palácio Otomano Çiragan, em Beşiktaş, onde decorreu a última ronda de negociações, no dia 02 de junho.

A primeira ronda também teve lugar em Istambul, a 16 de maio.

O Kremlin defende que qualquer acordo de paz deve incluir a retirada da Ucrânia das quatro regiões que a Rússia anexou ilegalmente em setembro de 2022 (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia), embora nunca as tenha controlado na totalidade.

Exige ainda que Kiev renuncie à adesão à NATO e aceite limites rigorosos às suas forças armadas — exigências rejeitadas tanto por Kiev como pelos seus aliados ocidentais.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

Forças russas matam criança durante a noite

Paralelamente, as forças russas atacaram quatro cidades ucranianas durante a última noite, tendo matado uma criança e ferindo pelo menos outras 41 pessoas.

O Ministério da Defesa russo, por sua vez, informou esta terça-feira que as defesas aéreas abateram 35 drones ucranianos de longo alcance sobre várias regiões durante a noite, incluindo três sobre a região de Moscovo.

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