Volodymyr Zelensky deixou esta segunda-feira, 1 de dezembro, claro que as prioridades de Kiev continuam a ser as garantias de segurança, a manutenção da soberania e do território ucraniano, e insistiu que a Rússia não deve ser recompensada pela sua agressão contra a Ucrânia. Linhas vermelhas que deu a conhecer depois de um encontro em Paris com o presidente Emmanuel Macron e que aconteceu no início de uma semana de novas negociações de paz, nomeadamente a reunião em Moscovo entre Vladimir Putin e o enviado especial dos Estados Unidos Steve Witkoff.“As prioridades da Ucrânia são óbvias. Primeiro, a proteção e as garantias de segurança, as garantias de preservação da independência da Ucrânia, a preservação da nossa soberania. Protegeremos isso. Trabalhamos para garantir que o terceiro ataque da Rússia certamente não aconteça e que não haja qualquer rutura dos acordos sobre o fim da guerra”, notou o presidente ucraniano, sublinhando que “a Rússia já violou tantas vezes as suas promessas, violou todos os tratados e é muito fácil para a Rússia quebrar a paz, por isso são necessárias garantias de segurança confiáveis para a Ucrânia”.Falando da semana que agora começou, Zelensky referiu que estes “são dias especiais, em que muita coisa pode mudar, diariamente. Ontem [domingo] houve conversas da delegação ucraniana na América. Amanhã [terça-feira], o representante do presidente dos Estados Unidos estará na Rússia. Estamos muito empenhados em terminar esta guerra e é preciso terminá-la com dignidade”.O líder ucraniano apelou ainda a que Kiev, Europa e Estados Unidos trabalhem em conjunto, notando que, “embora às vezes pareça que cada um está por si só - América, Europa -, todos nós precisamos igualmente de segurança e de um desenvolvimento económico normal. E esse é o nosso interesse comum”.Na mesma linha, o presidente francês elogiou os esforços dos EUA para acabar com a guerra, mas sublinhou que “quando falamos de paz, todos têm um papel a desempenhar”. E referiu ainda que apenas a Ucrânia pode tomar decisões sobre o seu território e que as garantias de segurança têm de ser discutidas com ucranianos e europeus.Macron anunciou que “nos próximos dias haverá novas discussões essenciais entre os EUA e a Coligação dos Dispostos para esclarecer a participação americana” em futuras garantias de segurança para a Ucrânia, acrescentando que haverá também “maior clareza” após as conversações entre os representantes dos EUA e da Rússia. “Da nossa parte, continuaremos a apoiar todos os esforços de paz, entretanto, e continuaremos a apoiar os esforços de resistência da Ucrânia”.De referir ainda que Macron e Zelensky, depois do seu encontro bilateral, realizaram uma chamada telefónica com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Rustem Umerov, para falar sobre os resultados das discussões na Florida.Os ministros da Defesa da União Europeia estiveram também reunidos esta segunda-feira, com a alta representante do bloco para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança a dizer no final do encontro que “esta pode ser uma semana crucial para a diplomacia” pois “as negociações para o fim da guerra da Rússia continuam intensas”. “Todos apoiam a procura da paz, exceto a Rússia”, referiu Kaja Kallas, notando que “nesta guerra, há um agressor e uma vítima. A nossa tarefa é fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar a vítima e não recompensar a agressão. O objetivo é alcançar uma paz justa e duradoura, e não um acordo que abra caminho para a próxima guerra.”Kallas disse também que os 27 estão numa corrida contra o tempo para garantir as necessidades de financiamento da Ucrânia, sublinhando que o Conselho Europeu de dia 18 “será crucial”. Um dos temas em cima da mesa será os empréstimos de reparação propostos pela UE a Kiev através de ativos russos congelados, que tem tido a oposição da Bélgica, país onde se encontram a maioria destes bens.Na opinião da líder da diplomacia do bloco, a aprovação deste empréstimo de 140 mil milhões de euros fortaleceria a posição europeia em relação a Moscovo”, mas ressalvou que é preciso abordar as preocupações jurídicas da Bélgica para “mitigar todos os riscos e assumir o ónus”.Esta questão foi também abordada esta segunda-feira por Emmanuel Macron após o seu encontro com Zelensky, com o francês a dizer estar confiante de que “encontrarão, em conjunto “uma opção que responda tecnicamente a todas as questões legítimas que estão a ser levantadas”.O primeiro momento da maratona diplomática desta semana ocorreu no domingo, em Miami (EUA), onde, por quatro horas, uma delegação norte-americana foi chefiada pelo secretário de Estado Marco Rubio, Witkoff e Jared Kushner, genro e conselheiro de Donald Trump, se encontrou com Rustem Umerov, secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, acompanhado pelo primeiro-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergiy Kyslytsya, e por outros diplomatas e políticos ucranianos. Rubio disse que o encontro foi produtivo, mas que “ainda há muito trabalho a fazer”. “É uma situação delicada. Há muitas variáveis envolvidas e, obviamente, há outra parte envolvida que terá de fazer parte da equação, e isso continuará ainda esta semana, quando Witkoff viajar para Moscovo”, prosseguiu o líder da diplomacia norte-americana. Já Umerov elogiou o apoio dos Estados, mas sem mais detalhes.Esta terça-feira, 2 de dezembro, será a vez de Witkoff ser recebido em Moscovo por Vladimir Putin, encontro confirmado hoje pelo Kremlin. Já, segundo o Kyiv Independent, Witkoff e Umerov voltaram a reunir-se ontem em Miami porque “ainda existem dúvidas” sobre o plano de paz para a Ucrânia, acrescentou a AFP. Já Zelensky fará a sua primeira visita à Irlanda, onde, além de reunir-se com o primeiro-ministro, participará na inauguração do Fórum Económico Irlanda-Ucrânia.Para quarta-feira, 3 de dezembro, está ainda agendada uma reunião, em Bruxelas, dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO..“Depois da Ucrânia, finlandeses perceberam que já não precisavam da neutralidade. Mudou tudo numa noite”