Volodymyr Zelensky garantiu este domingo estar disposto, e com um sentimento de felicidade, a abandonar a Presidência “se for pela paz da Ucrânia”. “Se precisarem que eu deixe esta cadeira, estou pronto para o fazer. E também a posso trocar pela adesão da Ucrânia à NATO”, prosseguiu o líder ucraniano, acrescentando que não é o seu “sonho” manter-se presidente durante décadas, um recado dirigido a Donald Trump, que há dias acusou Zelensky de ser um “ditador sem eleições”. De recordar que o presidente ucraniano foi eleito democraticamente em maio de 2019, e que a realização de eleições no país está suspensa devido à Lei Marcial, em vigor desde fevereiro de 2022.Estas declarações de Zelensky foram feitas numa conferência de imprensa no fórum Ucrânia: Ano 2025, realizado na véspera do 3.º aniversário da invasão russa da Ucrânia, um dia que foi ainda marcado pelo lançamento de 267 drones da Rússia contra o território ucraniano, um número “recorde”, de acordo com a Força Aérea ucraniana. Na sua intervenção, Zelensky abordou também o papel do presidente dos Estados Unidos no processo de paz, afirmando que gostaria de ver Donald Trump como um parceiro da Ucrânia e não apenas um simples mediador entre Kiev e Moscovo. “Quero realmente que seja mais do que apenas mediação. Isso não é suficiente”, afirmou, adiantando que a Ucrânia está “a fazer progressos” com os EUA quanto a um acordo sobre os recursos naturais “críticos”.“Estamos prontos para partilhar”, continuou o líder ucraniano, revelando que as autoridades dos dois países tinham falado ontem sobre um acordo, mas deixando claro que a Casa Branca precisa primeiro de garantir que Vladimir Putin “acaba com esta guerra”.A vice-primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko, referiu este domingo que a Ucrânia estima ter cerca de 335 mil milhões de euros em recursos naturais “críticos”, incluindo titânio, em território ocupado pela Rússia.Falando ainda sobre a NATO, Zelensky afirmou que a adesão à Aliança “é a opção mais barata” em termos de garantias de segurança para a Ucrânia e que esta possibilidade “ainda está em cima da mesa”, apesar de Moscovo já ter dito que esta representa uma “ameaça direta” à Rússia.O presidente ucraniano anunciou também que Kiev realiza esta segunda-feira uma cimeira internacional - que contará com a presença de 13 líderes estrangeiros em Kiev, enquanto outros 24 participam remotamente - que servirá para discutir novas medidas para pôr fim à guerra e abordar possíveis garantias de segurança para a Ucrânia quando o conflito terminar. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, estão entre os líderes que marcarão presença na capital ucraniana.Esta semana será ainda marcada pelos encontros na Casa Branca entre Donald Trump e o presidente francês, Emmanuel Macron, que está previsto para esta segunda-feira, e um outro encontro com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que deverá ter lugar na quinta-feira. Os dois líderes europeus vão tentar convencer o presidente norte-americano a não se precipitar num acordo de cessar-fogo com Vladimir Putin a qualquer custo, manter a Europa envolvida no processo e discutir garantias militares para a Ucrânia.ana.meireles@dn.pt