Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Javad Parsa / NTB / AFP / Norway OUT

Zelensky diz que está disposto a deixar presidência em nome da paz na Ucrânia

Presidente da Ucrânia anunciou realização de cimeira internacional esta segunda-feira em Kiev para assinalar os três anos da invasão russa e discutir novas medidas para pôr fim à guerra.
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Kiev vai realizar na segunda-feira uma cimeira internacional para assinalar os três anos da invasão russa, que contará com a presença de 13 líderes estrangeiros na capital ucraniana, enquanto outros 24 participam remotamente, anunciou hoje o Presidente ucraniano, em conferência de imprensa na capital ucraniana.

Segundo Volodymyr Zelensky, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e 24 comissários europeus vão estar em Kiev.

Na conferência de imprensa, segundo o jornal britânico The Guardian, Zelensky foi questionado sobre se estaria disposto a deixar a presidência da Ucrânia pela paz, ao que o presidente ucraniano, eleito em maio de 2019, respondeu: "Sim, estou contente, se for para a paz na Ucrânia". E acrescentou: "Se precisarem que eu saia desta cadeira, estou pronto para fazer isso, e também posso trocar isso pela adesão da Ucrânia à NATO", terá dito. Declarações que surgem depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter apelidado Zelensky de "ditador sem eleições".

A lei ucraniana proíbe o voto enquanto a lei marcial estiver em vigor no país.

A cimeira servirá para discutir novas medidas para pôr fim à guerra e abordar possíveis garantias de segurança para a Ucrânia quando o conflito terminar, disse Zelensky.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, é um dos líderes que confirmaram a sua presença em Kiev na segunda-feira, segundo a agência espanhola EFE.

Zelensky anunciou também que vai realizar uma reunião com os líderes dos países nórdicos e bálticos.

O Presidente ucraniano indicou ainda estar a trabalhar na organização de outra cimeira numa capital europeia não especificada para discutir garantias de segurança que possam ser oferecidas à Ucrânia para evitar um novo ataque russo quando a guerra terminar.

Na segunda-feira, a Ucrânia assinala o terceiro aniversário do início da invasão russa, que desencadeou uma guerra com um balanço de perdas humanas e materiais de dimensão ainda não inteiramente apurada.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e militar dos aliados ocidentais.

Condições para acordo sobr recursos naturais

Zelensky reiterou também hoje a disponibilidade para assinar o acordo proposto pelos EUA sobre os recursos naturais, mas sublinhou que não assina nada que ponha em risco o futuro dos ucranianos, e convidou Trump a visitar o país.

"Não assinarei nada que tenha que ser pago por gerações e gerações de ucranianos", afirmou hoje Volodymyr Zelensky, numa conferência de imprensa em Kiev, citado pela agência EFE.

O Presidente ucraniano referia-se ao acordo proposto pelos Estados Unidos para beneficiar de 50% dos recursos naturais ucranianos como pagamento pela assistência oferecida desde o início da invasão russa.

Zelensky voltou a afirmar o direito da Ucrânia de exigir as suas próprias condições no acordo, sublinhando que este deve ter em conta os interesses tanto de Washington como de Kiev. "Só quero um diálogo com o Presidente [Donald] Trump", disse.

Nesse sentido, levantou a hipótese de os recursos naturais que a Ucrânia poderia partilhar com os EUA incluírem os que se encontram em depósitos sob controlo russo. "Vamos fazer 50-50, incluindo os territórios ocupados", sugeriu, explicando que isso estimularia o interesse dos EUA em ajudar Kiev a recuperar esses territórios.

E convidou ainda o homólogo norte-americano a visitar a Ucrânia e manifestou a sua disponibilidade para se deslocar aos EUA para se encontrar com Trump.

A Ucrânia, assegurou, quer que a guerra termine, mas para aceitar um acordo de paz precisa de sólidas garantias de segurança dos seus aliados para evitar novas agressões militares russas no futuro.

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