Trump evita chamar ditador a Putin e diz que ele e Zelensky devem sentar-se juntos

Apesar da tensão, Ucrânia e EUA continuam a negociar um acordo relativo à exploração de minerais estratégicos ucranianos, após Kiev ter rejeitado uma proposta inicial de Washington que irritou Trump.
Trump evita chamar ditador a Putin e diz que ele e Zelensky devem sentar-se juntos
EPA/FRANCIS CHUNG / POOL

Kiev e Washington continuam negociações sobre minerais estratégicos ucranianos

A Ucrânia e os EUA continuam a negociar um acordo relativo à exploração de minerais estratégicos ucranianos, após Kiev ter rejeitado uma proposta inicial de Washington que irritou Donald Trump, disse hoje um alto funcionário ucraniano.

"Esta conversa continua", disse o funcionário à agência noticiosa France-Presse (AFP), falando sob condição de anonimato.

"Há uma troca constante de projectos de documentos, enviámos outro ontem [quinta-feira] e estamos à espera de uma resposta" dos Estados Unidos, acrescentou a fonte.

No início deste mês, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que queria negociar um acordo com a Ucrânia para obter acesso a 50% dos seus minerais estratégicos em compensação pela ajuda militar e económica ucraniana já entregue a Kiev, uma proposta descrita por alguns meios de comunicação ocidentais como a "colonização" do país.

O anúncio foi seguido de uma aproximação entre a Rússia, que invadiu o vizinho ucraniano há três anos, e Washington, até então um aliado fundamental de Kiev nas suas relações com Moscovo. Donald Trump retomou a retórica do Kremlin, culpando a Ucrânia pela invasão russa.

Por seu lado, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou a primeira proposta norte-americana sobre os minerais ucranianos, argumentando que não oferecia garantias de segurança ao seu país.

No entanto, abriu a porta aos "investimentos" norte-americanos em troca de tais garantias.

"Estou a defender a Ucrânia, não posso vender o nosso país. Não posso vender o nosso país, é só isso", afirmou aos jornalistas na quarta-feira.

Zelensky considerou que o acordo proposto, na atual versão, não "protege" a Ucrânia, enquanto Kiev pretende que qualquer acordo que ponha fim à guerra seja acompanhado de "garantias de segurança" para evitar qualquer nova invasão russa.

"Repito, estamos prontos para um documento sério. Precisamos de garantias de segurança", insistiu, argumentando que a parte norte-americana não está a ter uma "conversa séria".

Europa precisa de 250 mil milhões de euros e 300 mil militares para substituir EUA

A Europa precisa de mais 300 mil militares e de gastar 250 mil milhões de euros por ano, 3,5% do PIB, em Defesa para substituir tropas norte-americanas segundo um estudo hoje divulgado pelo centro de reflexão Bruegel.

"Uma avaliação inicial sugere que se justifica um aumento de cerca de 250 mil milhões de euros por ano a curto prazo", o que equivale a um investimento de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) europeu, destaca o Bruegel, num estudo sobre a capacidade de resposta militar da Europa à Rússia.

Este reforço financeiro destinar-se-ia a pagar a distribuição de 50 brigadas europeias por 29 exércitos nacionais: dos 27 Estados-membros, Reino Unido e Noruega.

As contas do Bruegel indicam que o aumento anual de 250 mil milhões de euros poderia ser repartido em partes iguais entre a UE e os financiamentos nacionais, "facilitando a aquisição conjunta de equipamento substancial e a realização de despesas militares nacionais substanciais".

Os países que não gastassem mais na defesa nacional receberiam menos do fundo comum.

O Bruegel considera que a Europa ou aumenta significativamente o número de tropas em mais de 300 mil para compensar a natureza fragmentada das forças armadas nacionais, ou encontra formas de melhorar rapidamente a coordenação militar europeia.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.

MNE chinês diz que se está a abrir janela para a paz após reunião em Riade

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, apelou hoje aos países do G20 para atuarem como força para a paz e estabilidade mundiais e enalteceu a abertura de uma oportunidade para pôr fim à guerra na Ucrânia.

Wang Yi disse aos homólogos do G20, num encontro em Joanesburgo, que se está a abrir uma "janela para a paz" na Ucrânia, alguns dias depois de uma reunião entre altos funcionários russos e norte-americanos, em Riade, Arábia Saudita.

"Devemos trabalhar juntos como guardiões da paz mundial", disse. "Todos os países devem respeitar a soberania e a integridade territorial uns dos outros, bem como a sua escolha, independente do caminho de desenvolvimento e sistema social", sublinhou.

Desde o início do conflito, a China manteve uma posição ambígua, pedindo respeito pela "integridade territorial de todos os países", incluindo a Ucrânia, e atenção às "preocupações legítimas de segurança de todos os países", referindo-se à Rússia.

Apesar do conflito, Pequim reforçou os laços económicos e políticos com Moscovo.

"A humanidade é uma comunidade com um futuro partilhado e uma comunidade de segurança indivisível. A segurança de um país não deve ser feita à custa da segurança de outros, e as preocupações legítimas de segurança de todos os países devem ser levadas a sério", sublinhou Wang Yi, numa critica velada ao alargamento da NATO, que Pequim culpa pelo conflito, à semelhança de Moscovo.

UE quer enviar à Ucrânia “mensagem muito forte” com novo pacote de ajuda

O pacote de ajuda da União Europeia destinado a enviar uma mensagem “muito forte” à Ucrânia pode ser anunciado na segunda-feira. O Comissário Europeu para a defesa, Andrius Kubilius, diz que a posição da UE é “muito clara”, uma vez que está empenhada na “paz através da força”.

“Estamos a discutir todas as possibilidades que nos permitiriam, de uma forma muito urgente, enviar uma mensagem muito forte aos ucranianos e ao mundo de que estamos juntos com a Ucrânia. Uma boa ocasião para tal mensagem seria o terceiro aniversário da guerra, na próxima segunda-feira”, disse, sem avançar qual o montante da verba que será aprovada.

Enviado de Trump fala em "conversas extensas e positivas” com Zelensky

O enviado do presidente dos EUA, Donald Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, afirmou esta sexta-feira que teve "conversas extensas e positivas” com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com quem esteve reunido na quinta-feira. Após o encontro, a conferência conjunta acabou por ser cancelada a pedido de Washington.

“Um dia longo e intenso com os altos dirigentes da Ucrânia. Conversas extensas e positivas com Zelensky, o líder corajoso de uma nação em guerra e a sua talentosa equipa de segurança nacional”, afirmou Kellogg na rede social X.

Presidente polaco pede a Zelensky para cooperar com Trump para alcançar a paz

O presidente polaco Andrzej Duda disse hoje, numa conversa telefónica, ao seu homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky para que coopere com Donald Trump na tentativa e encontrar uma saída para a paz.

Duda disse ter sido "uma conversa franca" na qual procurou sensibilizar Zelensky que "não há outra maneira de parar o derramamento de sangue e alcançar uma paz duradoura na Ucrânia, a não ser com o apoio dos EUA".

“Não tenho dúvida de que o presidente Trump é guiado por um profundo sentido de responsabilidade pela estabilidade e paz globais”, acrescentou o chefe de Estado polaco numa publicação nas redes sociais.

Kiev apela para "reação internacional" face a incidentes em centrais nucleares

As autoridades ucranianas apelaram ao secretário-geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, para uma "reação internacional" unida para "travar a chantagem nuclear da Rússia", na sequência dos recentes incidentes nas centrais de Zaporijia e Chernobyl.

"Uma reação internacional forte é essencial para acabar com a chantagem nuclear da Rússia", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andri Sibiha, na rede social X, depois de ter conversado com o secretário-geral da AIEA por telefone.

Na semana passada, a AIEA confirmou que a rotação de pessoal na central nuclear de Zaporijia, a maior da Europa, teve de ser cancelada devido à "intensa atividade militar" na zona, que se encontra sob controlo russo desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.

Também na semana passada, um 'drone' (aeronave não-tripulada) com uma ogiva altamente explosiva atingiu o perímetro de proteção da Central Nuclear de Chernobyl, na região de Kiev, informou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Lusa

Putin diz que sanções internacionais "estimularam" economia e ciência russas

O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou hoje que as sanções internacionais impostas à Rússia pela invasão da Ucrânia, iniciada há quase três anos, serviram para "estimular" a economia nacional e o desenvolvimento da ciência.

"Os problemas externos, as sanções, com todos os desafios e dificuldades que implicam, têm desempenhado um papel estimulante para nós. As empresas russas estão a recorrer cada vez mais aos nossos cientistas e a receber essa ajuda", afirmou Putin em Moscovo no Fórum das Tecnologias do Futuro, sublinhando que "as soluções nacionais são frequentemente mais eficazes do que as estrangeiras" e que o seu Governo vai promover uma "base jurídica para a cooperação entre investigadores e clientes".

Apesar de tudo, o líder russo enviou também uma mensagem à comunidade científica internacional para "trabalhar em conjunto" com Moscovo.

"As nossas portas estão abertas, estamos sempre satisfeitos por ver os nossos amigos e colegas", afirmou Putin, citado pela agência noticiosa TASS.

Ao abordar questões científicas, o líder russo aproveitou a oportunidade para falar do míssil hipersónico Oreshnik, recentemente fabricado por Moscovo e já testado em território ucraniano. Putin sublinhou que este novo míssil de médio alcance é o resultado de avanços científicos em materiais.

"Toda a gente fala do Oreshnik e dos materiais de que é feito. As temperaturas destas ogivas correspondem à temperatura da superfície do Sol", disse Putin, recordando que Moscovo trabalhava neste projeto desde a década de 1980 e que não tinha sido possível concluí-lo "porque não havia materiais".

Lusa

Trump diz que "não é muito importante Zelensky estar nas reuniões" de paz

Donald Trump afirmou em entrevista à estação norte-americana Fox Radio que "não é muito importante Zelensky estar nas reuniões" tendo em vista as negociações para a paz na Ucrânia.

O presidente dos EUA mantém assim o seu discurso que tem como alvo líder máximo da Ucrânia, que esta semana acusou de ser "um ditador" por não convocar eleições no país. Isto na sequência das críticas que Trump foi alvo por ter deixado de fora a Ucrânia e a Europa nas conversações de terça-feira com a Rússia.

Trump disse à Fox Radio não acredita que o presidente russo não queira alcançar a paz. “Putin não precisa fazer um acordo, porque se ele quisesse, ficaria com o toda a Ucrânia", sublinhou.

"Estou cansado de ouvir que a guerra é culpa de Putin", assumiu Trump, acrescentando que "foi uma perda de tempo" a viagem do seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, à Ucrânia para alcançar um acordo para a exploração do minério ucraniano. "Teria sido preferível que ele não tivesse ido lá, desperdiçado tanto tempo”, frisou.

Nesta entrevista, Trump acusou Starmer e Macron, respetivamente primeiro-ministro britânico e presidente francês, de não terem feito "nada para acabar com a guerra".

EUA dizem que Zelensky aceita "em breve" acordo de exploração de terras raras

O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Michael Waltz, adiantou esta sexta-feira que o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky vai assinar "em breve" o acordo de exploração de terras raras proposto por Washington, para recuperar o dinheiro atribuído durante o conflito.

"O presidente Zelensky vai assinar este acordo, esse é o ponto principal", garantiu Waltz, na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) em Washington, citado pela estação Fox News.

Waltz disse que Zelensky assinaria o acordo "muito em breve" e que este será bom para ambos os países, uma vez que os contribuintes norte-americanos poderão recuperar os milhares de milhões de dólares que foram enviados para a Ucrânia, devido à invasão russa.

O conselheiro lembrou ainda que foi Zelensky quem propôs este tipo de cooperação em setembro de 2024, no âmbito do seu plano de vitória, que incluía o investimento e a exploração de uma série de recursos naturais que a Ucrânia possui no leste do seu território, parcialmente ocupados neste momento pela Rússia.

No entanto, o primeiro esboço do acordo não agradou a Zelensky, por não incluir garantias de segurança, mas incluir um benefício de 50% para os Estados Unidos na exploração destes depósitos.

A posição de Zelensky gerou inquietação na Casa Branca, que fez novas alterações para o convencer.

O próprio Trump voltou a manifestar hoje o seu descontentamento com esta nova "perda de tempo" e lamentou a visita do secretário do Tesouro, Scott Bessent, a Kiev na semana passada para entregar a proposta a Zelensky, a quem repreendeu por tornar "muito difícil" fechar qualquer acordo.

Lusa

Zelensky espera acordo justo com Estados Unidos sobre terras raras

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky frisou hoje que espera um acordo justo com os Estados Unidos sobre o acesso das empresas norte-americanas aos minerais estratégicos da Ucrânia, em troca da ajuda de Washington para lidar com Moscovo.

"As equipas ucraniana e norte-americana estão a trabalhar num projeto de acordo entre os nossos governos (...) Espero um resultado --- um resultado justo", apontou Zelensky, na sua mensagem de vídeo noturna transmitida nas redes sociais, depois de ter rejeitado uma versão inicial deste acordo.

Trump evita chamar ditador a Putin e diz que ele e Zelensky devem sentar-se juntos

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, evitou chamar ditador ao homólogo russo, Vladimir Putin, e insistiu que deve o Presidente russo se deve sentar com Volodimir Zelenski para negociar o fim da guerra na Ucrânia.

"Penso que o Presidente Putin e o Presidente Zelenski devem sentar-se juntos", disse aos jornalistas na Sala Oval da Casa Branca.

Quando questionado diretamente por um jornalista se considerava Putin um ditador, evitou responder, termo que utilizou para se referir a Zeleski e, em vez disso, reiterou a urgência de pôr fim ao conflito.

"Queremos acabar com a morte de milhões de pessoas. Estão a ser mortos jovens soldados. Se olharmos para as imagens de satélite do campo de batalha, nunca vimos nada assim. Milhares de soldados estão a morrer todas as semanas", disse Trump.

"É por isso que quero um cessar-fogo e quero fechar um acordo. Acho que temos uma hipótese de o fazer", acrescentou.

Trump reconheceu que os soldados ucranianos estão a "derramar o seu sangue" na guerra e são "muito corajosos", mas sublinhou que os Estados Unidos estão a gastar o seu "tesouro" num país que está "muito longe" e que, na sua opinião, não está a tratar Washington de forma justa, pois está a abusar da ajuda militar recebida.

Neste sentido, insistiu que a guerra afeta mais a Europa do que os Estados Unidos, uma vez que estes últimos têm "um grande e belo oceano" no meio, em referência ao Atlântico.

Trump afirmou também que está "muito perto" de assinar um acordo com a Ucrânia para que o país ceda recursos naturais a Washington, especialmente minerais essenciais e terras raras para o desenvolvimento tecnológico, como compensação pela ajuda dos EUA.

Trump foi também questionado sobre um artigo da revista francesa "Le Point" que afirmava que ele planeava viajar para Moscovo para assistir à parada militar de 9 de maio, que comemora a vitória soviética sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial.

"Não, não vou", respondeu quando questionado sobre essa possibilidade.

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