Zelensky admite cessar-fogo em troca da adesão à NATO, mesmo sem os territórios controlados por Moscovo
Handout / UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP

Zelensky admite cessar-fogo em troca da adesão à NATO, mesmo sem os territórios controlados por Moscovo

O presidente ucraniano defende que os territórios controlados por Kiev devem estar sob a alçada da NATO para que haja um cessar-fogo. No que se refere às regiões controladas por Moscovo, "a Ucrânia pode recuperá-las de forma diplomática”, disse em entrevista à Sky News.
Publicado a
Atualizado a

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu esta sexta-feira a possibilidade de um cessar-fogo, sem as regiões ocupadas pela Rússia, mas só no caso em que os restantes territórios, controlados por Kiev, estejam na alçada da NATO e desde que a Aliança Atlântica tenha em conta as fronteiras reconhecidas internacionalmente da Ucrânia. 

“Se queremos acabar com a fase quente da guerra, temos de colocar sob a alçada da NATO o território da Ucrânia que temos sob o nosso controlo”, afirmou Volodymyr Zelensky, em entrevista à Sky News. 

Neste cenário, não estão equacionadas as regiões atualmente controladas por Moscovo. “Temos de o fazer rapidamente [a adesão da NATO nos terriórios controlados por Kiev]. E depois, no território [ocupado] da Ucrânia, a Ucrânia pode recuperá-los de forma diplomática”, defendeu.

À estação de televisão britânica, Zelensky afirmou ser necessário um cessar-fogo para “garantir que Vladimir Putin não voltará” a controlar mais território ucraniano. 

Conforme refere a Sky News, Zelensky fala pela primeira vez num acordo em que estará disposto a um cessar-fogo que pode incluir o controlo russo de território ucraniano. Até agora, o presidente da Ucrãnia nunca disse que estaria disposto a ceder território ucraniano ocupado à Rússia, incluindo a Crimeia, anexada por Moscovo em 2014. 

Na mesma entrevista, Zelensky afirma que a Ucrânia tem de estar ao mesmo nível ou mais forte do que a Rússia para iniciar conversações. 

“É o mínimo”, defende o presidente ucraniano. “Temos de ser mais fortes do que ele, mas temos de ser muito fortes, mesmo ao mesmo nível da unidade dos parceiros", analisa.

“Têm de falar connosco com uma política de voz única. Se falarmos com Putin, é com um plano - não podemos dar-lhe a oportunidade de nos fazer um ultimato", sublinha à Sky News. “Ele não nos pode fazer um ultimato porque é um assassino, um terrorista e, na minha opinião, está sozinho”.

Zelensky acredita ser possível que a paz chegue em 2025 e garante que vai fazer “tudo” para que tal seja possível.

“Podemos fazê-lo”, diz, mas com os aliados. “Em conjunto com a Europa, com os Estados Unidos, claro, e com a Ucrânia como parte principal deste acordo”.

Para que o fim da guerra possa ser "rápido", Zelensky defende ser necessário que o presidente eleito dos EUA Donald Trump e a União Europeia exerçam “grande pressão” sobre a Rússia, mas também que ajudam a reforçar a Ucrânia.

"Não será simples”, admite, mas acredita que a paz pode mesmo chegar no próximo ano.

Questionado sobre o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse a 20 de janeiro, Zelensky disse que quer "partilhar ideias e quer ouvi-lo".

“Quero trabalhar com ele diretamente, porque há diferentes vozes à sua volta. E é por isso que não devemos permitir que ninguém destrua a nossa comunicação”, considerou Zelensky, referindo que se tal acontecer não será benéfico e será destrutivo. 

O chefe de estado ucraniano vincou que tem de trabalhar com o novo presidente dos EUA, para que Trump seja o "maior apoiante” da Ucrânia.

Zelensky afirmou que conversou com Donald Trump em setembro quando esteve em Nova Iorque. Relatou uma "calorosa, "boa" e "construtiva" conversa. "Foi uma reunião muito boa e foi um primeiro passo importante", descreveu o presidente ucraniano, dando conta da necessidade de os dois terem de "preparar algumas reuniões”. 

De referir que em relação à adesão à NATO, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano pediu aos seus homólogos na Aliança Atlântica para convidarem Kiev a aderir, já na próxima semana, em Bruxelas, à aliança militar, de acordo com uma carta, à qual a Reuters teve acesso.  

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt