"Yes, she can"? Harris ganha força em semana crítica para a Madeira
Manifestações em 300 cidades contra Maduro
Sábado, 17 de agosto
A contestação ao sufrágio eleitoral, de 28 de julho, na Venezuela, que terá ditado a continuidade de Nicolas Maduro na Presidência até 2031, mobilizou milhares de manifestantes em todo mundo. Os protestos, em cerca de 300 cidades, também passaram pela Madeira, juntando cerca de 60 pessoas a exigir uma “leitura correta das atas dos votos”, depois de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter atribuído a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos. María Corina Machado, líder da oposição, considerou as manifestações mundiais “um marco fundamental” num caminho que ditará a eleição de Edmundo González Urrutia como presidente (com Corina impedida de se candidatar, foi o diplomata de 74 anos quem avançou pela Plataforma Democrática Unitária). Um caminho que se complicou ainda mais na quinta-feira, após o Supremo Tribunal da Venezuela certificar, “sem objeções”, os resultados validados pelo CNE.
Morte de Delon, um “monumento francês”
Domingo, 18 de agosto
“Melancólico, popular, secreto, era mais do que uma estrela: um monumento francês.” Foi desta forma que o presidente francês, Emmanuel Macron se referiu ao ator Alain Delon, no dia em que foi conhecida a sua morte, aos 88 anos. As reações do mundo da cultura sucederam-se, entre elas a de Brigitte Bardot, outra lenda do cinema francês e mundial: “Ele representou o melhor do cinema de prestígio francês. Um embaixador da elegância, do talento e da beleza. Perdi um amigo, um alter ego, um cúmplice.” Nas páginas do DN, João Lopes revisitou a extraordinária e longa carreira de Delon – seis décadas –, um ator “’selvagem’, sem outra formação que não fosse a ‘escola da vida’”, mas que ainda assim permaneceu “como modelo universal da mitologia de uma estrela de cinema”, tendo protagonizado perto de uma centena de filmes desde o seu primeiro grande sucesso, em 1960, com À Luz do Sol.
Crise na restauração. Para onde vai o dinheiro?
Segunda-feira, 19 de agosto
A reportagem da jornalista Rute Simão, publicada segunda-feira pelo DN (dia em que a Câmara de Lisboa revelou ter encaixado, até julho, mais de 200 milhões de euros desde que começou a cobrar Taxa Turística em janeiro de 2016), deu conta das dificuldades atuais de muitos negócios ligados à restauração. Os motivos são diversos, mas há um que se destaca: o efeito da inflação no custo das matérias-primas e na quebra do poder de compra dos turistas nacionais e estrangeiros. O texto é também um bom exemplo do como o turismo não tem a capacidade de ser uma espécie de galinha de ovos de ouro que resolva os problemas de todos os que trabalham no setor ou retirem benefícios indiretos da atividade. Como explicou, muito bem, Hugo Brito, proprietário do restaurante Boi-Cavalo, em Lisboa (em risco de fechar portas). “É uma esquizofrenia ler os dados que todos os anos batemos recordes no número de turistas e de receitas. Isto está a ir para onde? (...) O turista de massas olha, olha e não compra nada.”
Chega exige referendo e salta fora do OE
Terça-feira, 20 de agosto
A discussão do Orçamento do Estado para 2025 começou logo nos primeiros dias do Governo da AD, tendo em conta que o desfecho da votação, em novembro, poderá colocar, mais uma vez, aos portugueses um cenário de ingovernabilidade do país e a necessidade novas eleições. Perante o atual quadro parlamentar, o Chega tem uma palavra determinante nesta equação, bastando o seu voto positivo para que a proposta passe. No entanto, o que o partido de André Ventura mostrou esta semana é um interesse muito claro em canalizar esse poder para agitar exclusivamente as suas bandeiras eleitorais, mais concretamente as questões ligadas à imigração. Uma semana depois de ter convocado para setembro uma manifestação “contra a imigração descontrolada e insegurança nas ruas”, o Chega elevou a fasquia e colocou ao Governo três condições para deixar para o Orçamento, entre elas uma que depende do Presidente da República e nada tem a ver com matéria orçamental: um referendo à criação de quotas de imigrantes. O teor das exigências mostra o total desinteresse de André Ventura em construir pontes que facilitem o diálogo. Seja com o Governo, seja com os imigrantes que, não restem dúvidas, fazem falta ao país. Muito curto, para um partido que ambiciona chegar ao poder.
Madeira. Um “sucesso” que mais soa a crise
Quarta-feira, 21 de agosto
Uma semana depois de um incêndio deflagrar na Serra de Água (Freguesia da Ribeira Brava) e ter consumido, até hoje, mais de 5000 hectares de floresta, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, no meio de uma tempestade política na ilha, veio defender que o combate ao fogo tem sido “um sucesso”. Albuquerque disse falar da “estratégia de contenção”, mas tentou saltar por cima das polémicas que se seguiram ao início das chamas: a hesitação inicial em pedir ao Governo da República mais meios de combate; a demora em interromper o período de férias em Porto Santo para ir ao terreno ver o evoluir da situação; e também o facto de só na terça-feira se ter avaliado a necessidade de se formalizar um pedido ao abrigo do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, que permitiu fazer chegar à ilha, quinta-feira, dois aviões Canadair, vindos de Espanha. O PS/Madeira já defendeu uma Comissão de Inquérito. Com o Governo Regional sem maioria, preso por arames, o cenário de nova crise política pode estar ao virar da esquina.
Harris ganha impulso com democratas unidos
Quinta-feira, 22 de agosto
A Convenção do Partido Democrata em Chicago, que confirmou a nomeação de Kamala Harris como candidata às Eleições Presidenciais de novembro nos EUA, veio dar um boost ao momento já positivo que vivia a campanha da vice-presidente e às aspirações democratas de travarem o regresso de Donald Trump à Casa Branca, algo que parecia impossível há pouco mais de um mês quando o republicano foi baleado num comício e Joe Biden ainda tentava a reeleição. A desistência de Biden foi um game-changer para os democratas, que se reagruparam em torno de Harris e estiveram em peso em Chicago a prestar-lhe apoio, começando pelo próprio Biden, Bill e Hillary Clinton, Michelle e Barack Obama – este não só endereçou o seu apoio à candidata como lhe ‘emprestou’ o slogan vencedor que usou nas Presidenciais de 2008: “Yes, she can!” No discurso em que aceitou a nomeação, Kamala Harris fez várias referências ao que a separa de Trump, vincando sobretudo a ideia de que o ex-presidente tem “um único cliente que quer servir: ele próprio”.
Avanços ucranianos na Rússia e zonas ocupadas
Sexta-feira, 23 de agosto
O Serviço de Fronteiras da Ucrânia fez esta sexta-feira um balanço sobre os efeitos que a incursão de Kiev em território russo teve no decurso da guerra, garantindo que estas ações militares criaram uma “zona-tampão” que teve impacto imediato no número de ataques e bombardeamentos perpetrados por Moscovo. Foi também anunciado por Kiev que um contra-ataque surpresa na região de Lugansk permitiu recuperar cerca de dois quilómetros de território ocupado pela Rússia. Esta mudança no teatro de operações militares, desde que a Ucrânia lançou este mês a sua ofensiva para lá da fronteira com a Rússia, terá também estado em pano de fundo nas reuniões de Volodymyr Zelensky e Narendra Modi, em Kiev, já depois de o líder ucraniano ter criticado o primeiro-ministro indiano por este ter visitado Vladimir Putin, em Moscovo. “Não fomos neutros desde o primeiro dia, tomámos partido e somos resolutamente a favor da paz”, afirmou ontem Modi perante Zelensky.