Foram precisos seis meses de negociações e a garantia de que não será primeiro-ministro para Geert Wilders conseguir um acordo de coligação para conseguir formar governo, depois do seu partido de extrema-direita, o PVV, ter ganho as legislativas dos Países Baixos no passado mês de novembro. Agora resta saber quem será o sucessor de Mark Rutte na liderança do governo neerlandês..O pacto foi alcançado entre quatro partidos, o Partido da Liberdade (PVV), o liberal VVD, atualmente no poder, o camponês BBB e o Novo Contrato Social , que tem a anticorrupção como bandeira. Quanto à questão do primeiro-ministro, Wilders adiantou que já foi discutida, mas ainda não há uma decisão, e que o debate continuará “mais adiante”. Entre os nomes mais cotados está o do ex-ministro da Educação e do Interior, Ronald Plasterk, que teve um papel fundamental na supervisão das negociações iniciais. .Em março, estes quatro partidos já tinham decidido optar por um governo parcialmente tecnocrático, composto por 50% de políticos e 50% de não políticos - a última vez que os Países Baixos tiveram um governo tão “especializado” foi em 1918. Agora, os planos para esta coligação foram aprovados de forma unânime pelos quatro grupos parlamentares. E com Geert Wilders a dizer que o dia em que o seu partido entrar pela primeira vez num governo neerlandês será “histórico”. Já Frans Timmermans, líder da oposição e membro de uma aliança de esquerda, defende que este será “um dia inquietante”..Nos últimos meses, Wilders suavizou algumas das suas posições políticas numa tentativa de formar governo, mas o seu programa eleitoral ainda pede a proibição do Alcorão e das mesquitas. Segundo o programa de governo divulgado ontem, um documento de 26 páginas intitulado “Esperança, coragem e orgulho”, “serão adotadas medidas concretas para aplicar ações mais duras” na política de asilo, assim como um pacote global que permita “controlar a imigração”. É também dito que pedirão “o mais rápido possível” à Comissão Europeia a possibilidade de prescindir das regras comuns sobre a política de asilo. “Tentaremos conseguir a chamada revogação sobre o asilo, como a que os dinamarqueses têm. Mas, caso funcione, pode levar anos para conseguir”, adiantou o líder da extrema-direita neerlandesa à AFP..A curto prazo, o novo governo pretende utilizar a legislação existente para restringir o que Wilders chama de “fluxo de requerentes de asilo”. “O que temos hoje no nosso acordo é realmente a política mais dura contra o asilo que já foi aplicada nos Países Baixos”, disse o líder do PVV à AFP, prometendo ainda aplicar controlos nas fronteiras para evitar a chegada de requerentes de asilo. As pessoas sem um visto de residência poderão ser deportadas “à força, se necessário”..Na política externa, a coligação quer manter Haia como um “parceiro construtivo” na União Europeia e compromete-se a apoiar a Ucrânia nos campos “político, militar, financeiro e moral”. E irá analisar a transferência da embaixada neerlandesa em Israel de Telavive, onde se encontra a maioria das representações diplomáticas, para Jerusalém, cidade disputada entre israelitas e palestinianos. .ana.meireles@dn.pt