A vigília do último fim de semana em Lisboa. Protesto repete-se este sábado.
A vigília do último fim de semana em Lisboa. Protesto repete-se este sábado.MIGUEL A. LOPES/LUSA

Venezuelanos em Portugal: "Queremos o nosso 25 de Abril, com militares ao lado do povo”

Oposição convocou protestos em todo o mundo este sábado e sete cidades portuguesas responderam ao apelo.
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A oposição venezuelana convocou mais de duas centenas de manifestações na Venezuela e no estrangeiro para “que o mundo reconheça” a vitória do diplomata Edmundo González nas presidenciais, “para que pare a repressão” e para que o país avance “para uma transição de paz”. Os protestos, que se realizam este sábado, surgem numa altura em que o presidente brasileiro, Lula da Silva, e o homólogo colombiano, Gustavo Petro, defenderam a realização de novas eleições no país. Algo rejeitado tanto pelo governo de Nicolás Maduro como pela própria oposição.

Em Portugal, foram convocadas manifestações em pelo menos sete cidades: Lisboa, Porto, Braga, Funchal, Faro, Beja e Aveiro. Na capital, a concentração está marcada para às 18 horas na Avenida da Liberdade, junto à estátua de Simón Bolívar, e às 19 horas para os Restauradores. Christian Höhn, vice-presidente da associação Venexos, conta ao DN que será formada uma “cadeia gigante” com todos os presentes. “Vamos ler o nome de todos os mortos, mais de cem, nos protestos desde 1999”, contou, referindo-se ao ano em que Hugo Chávez chegou ao poder.

As manifestações, que têm sido semanais, são uma forma de chamar a atenção da comunidade internacional, mas também de apelar ao apoio dos militares na Venezuela. “Muitos militares de patentes mais baixas estão com o povo, mas precisam que haja um ou outro de patente mais elevada para tomar posição”, indicou Höhn. “Queremos o nosso 25 de Abril, com os militares ao lado do povo.” Se Maduro não ceder, a Venezuela será a partir de 1 de janeiro “uma ditadura”, lembrou.

Sobre a ideia de realizar novas eleições, Höhn também rejeita essa ideia como a oposição e o próprio Maduro. “Nós ganhámos e esse é um ponto assente”, referiu, insistindo que o governo tem que apresentar as atas e que estas dão a vitória a Edmundo González. Além disso, refere, nada garante que essas novas eleições fossem seguidas por observadores internacionais e fossem verdadeiramente livres.

Para a líder opositora María Corina Machado, que foi impedida de se candidatar, a proposta de novas eleições é “uma falta de respeito”. Maduro não se referiu diretamente à proposta de Lula, apoiada por Petro, mas insistiu que a Venezuela é um “país independente” e rejeitando interferências externas. Esta sexta-feira, Lula foi mais longe nas críticas a Maduro, falando num “regime desagradável” com “viés autoritário” numa entrevista à Rádio Gaúcha.

susana.f.salvador@dn.pt

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