Cada vez que eu penso que ele vai parar, ele mata mais pessoas. Já não estou assim tão interessado em falar... vamos ver o que acontece”, afirmou ontem Donald Trump referindo-se Vladimir Putin. A paciência do presidente dos EUA com o seu homólogo russo parece estar mesmo a esgotar e ontem anunciou mesmo um novo prazo de 10 a 12 dias para a Rússia acabar com a guerra na Ucrânia, garantindo que, caso contrário, irá aplicar sanções a Moscovo. “Não há razão para esperar. Não vemos qualquer progresso”, adiantou Donald Trump, a partir de Turnberry, na Escócia, onde teve um encontro com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, um dia depois de ter firmado um acordo sobre tarifas com a União Europeia. Em declarações aos jornalistas, Trump reafirmou estar “muito desiludido” com Putin depois de ter anunciado a 14 de julho que ia aplicar sanções a Moscovo em 50 dias caso a Rússia não terminasse a ofensiva na Ucrânia.No poder desde janeiro, Trump começou o mandato a deixar entender mais do que uma vez que a Ucrânia e o seu presidente Volodymyr Zelensky tinham alguma responsabilidade no conflito. O presidente americano, que em campanha prometera resolver a guerra em 24 horas, começou a dar sinais de irritação quando em vez de chegarem a acordo para um cessar-fogo, os russos continuaram a atacar território ucranianos com mísseis e drones. Em abril, Trump confessava na sua Truth Social não estar “feliz” com Putin e acrescentou: “Vladimir, stop!”. Mais recentemente, o presidente americano anunciou o envio de armas para a Ucrânia, um cenário que parecia impensável há uns meses.Agora, decidiu mesmo encurtar o prazo do ultimato que dera ao Kremlin antes de lhe aplicar sanções. Uma decisão saudada pelas autoridades ucranianas. “Obrigado ao presidente Trump por mostrar firmeza e enviar uma mensagem clara de paz através da força”, sublinhou o chefe do gabinete da Presidência ucraniana, Andri Iermak, no X. Putin ainda não comentou o calendário imposto por Trump. Quando o prazo inicial de 50 dias foi anunciado pela primeira vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, limitou-se a classificá-lo como “muito sério”, mas acrescentou que Moscovo precisava de tempo para o analisar.Ontem, o deputado russo Andrey Gurulyov afirmou que os ultimatos de Trump “já não funcionam... nem na linha da frente, nem em Moscovo” e que a Rússia tem a força das suas “armas, princípios e vontade”.Após três anos e meio de conflito, continua a não haver uma solução à vista. As três recentes rondas de negociações entre a Rússia e a Ucrânia, organizadas pela Turquia, resultaram na troca de milhares de prisioneiros de guerra, mas não houve progressos reais no sentido de chegar a um cessar-fogo. Todas as condições prévias da Rússia para a paz - incluindo a Ucrânia tornar-se um Estado neutro, reduzir drasticamente o seu exército e abandonar as suas aspirações à NATO - são inaceitáveis para Kiev e para os seus parceiros ocidentais. O mesmo se aplica às condições exigidas pela Ucrânia da parte dos responsáveis russos. Na última ronda de conversações, que durou apenas uma hora, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov disse que um “avanço” nas negociações era “dificilmente possível”..Moscovo inaugura voos diretos para a Coreia do Norte