O Conselho Europeu desta quinta-feira, 23 de outubro, tem uma extensa agenda e irá abordar temas já habituais como o apoio à Ucrânia e a defesa do bloco, mas também áreas que os líderes dos 27 veem como sendo usadas nos discursos mais populistas como a crise na habitação e a imigração. No que diz respeito à Ucrânia é esperado que seja aprovado (finalmente) o 19.º pacote de sanções à Rússia, depois de Áustria, Hungria e Eslováquia terem retirado as suas objeções. Este pacote inclui a eliminação gradual das compras de gás natural liquefeito, visa bancos russos, bolsas de criptomoedas e entidades na Índia e na China. Em cima da mesa estará também o apoio financeiro a Kiev nos próximos anos, incluindo a possibilidade de usar bens congelados russos, tema que continua a ter a oposição da Bélgica, mas o apoio da Alemanha, por exemplo. O presidente Volodymyr Zelensky foi, mais uma vez, convidado a marcar presença na reunião, esperando-se, segundo avançou a Reuters, que peça aos líderes dos 27 para que não limitem o uso de um empréstimo proposto de 163 mil milhões de dólares (cerca de 140 mil milhões de euros) com base em ativos estatais russos congelados, argumentando que Kiev precisa de comprar armas não europeias, reparar os danos de guerra e compensar as vítimas.Em matéria de defesa, será discutido o roteiro até 2030 apresentado recentemente pela Comissão Europeia e que inclui projetos-bandeira como a iniciativa de Defesa Europeia Antidrones. O investimento que os 27 estão a fazer em defesa - em 2024, o gasto total da UE em defesa foi de 343 mil milhões de euros, mais 19% do que no ano anterior e mais 37% em relação a 2021 - é também uma arma de arremesso de discursos populistas, que argumentam que irá afetar outras áreas, começando pelo Estado social, mas Bruxelas defende que, além de ser necessária para enfrentar a ameaça russa, irá também criar empregos.A crise da habitação que está a afetar a Europa tem sido aproveitada pelos populistas para conquistarem votos e chega agora ao Conselho Europeu, com os líderes a quererem discutir o que pode ser feito por Bruxelas “para apoiar esforços a nível nacional, regional e local”, uma discussão que dará indicações para o Plano de Habitação Acessível que a Comissão está a preparar e que deverá ser apresentado em dezembro. Esta questão foi referida esta quarta-feira publicamente por António Costa, que defendeu ser necessário resolver o problema da habitação, sob pena de “diminuir a confiança nas instituições” democráticas.No capítulo da imigração, se o fluir das discussões permitir que os líderes cheguem a este tema, estarão em cima da mesa assuntos como os centros de processamento de pedidos de asilo em países terceiros, mas também a agilização das deportações, que até há uns anos eram quase tabu e que agora são defendidos por governantes socialistas como a dinamarquesa Mette Frederiksen. .António Costa quer resolver problema na habitação para não corroer confiança na UE