O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF), o tenente-general Eyal Zamir, afirmou esta quarta-feira, 27 de agosto, que a segurança de Israel depende da ampla participação nacional nas Forças Armadas, em comentários aparentemente dirigidos a membros da comunidade ultraortodoxa, que procuram escapar ao recrutamento obrigatório.“Perante os desafios em todas as esferas, não podemos aceitar uma situação em que nem todos os setores da sociedade suportem o fardo. A segurança de Israel exige a plena parceria de todas as partes da nação. Este é um dever cívico e um imperativo nacional”, referiu Zamir durante uma visita a Gaza. “Convoco todos a empenharem-se e a contribuírem com a sua quota-parte de contribuição igualitária. Este é o apelo do momento, e todos devemos responder-lhe”.De acordo com o Times of Israel, cerca de 80.000 homens haredi entre os 18 e os 24 anos são elegíveis para o serviço militar, mas não se alistaram. Ao mesmo tempo, os líderes ultraortodoxos continuam a opor-se ferozmente aos esforços para acabar com as isenções militares que a comunidade usufruiu no passado.Ao mesmo tempo, as Forças de Defesa de Israel, numa altura em que ultimam os planos para expandir as suas operações e conquistar a cidade de Gaza, estão a enfrentar uma escassez de homens, o que deverá obrigar à convocação de cerca de 60.000 reservistas já exaustos por quase dois anos de guerra.“Graças aos reservistas, Israel mantém-se firme contra todos os inimigos; o seu sacrifício é uma inspiração para todos nós. Conscritos, soldados de carreira e dezenas de milhares de reservistas estão a responder ao apelo e a sacrificar as suas vidas, juntamente com as suas famílias, pela segurança do Estado”, elogiou o líder máximo dos militares israelitas, garantindo que “tudo faremos para criar estabilidade e reduzir o fardo sobre os reservistas, tendo em conta que este é um recurso nacional precioso”.Nesta visita à Faixa de Gaza, Zamir reafirmou que o foco das IDF “neste momento é aprofundar a operação na cidade de Gaza”, sublinhando o objetivo de trazer os reféns de volta, derrotar o Hamas e evitar uma repetição do 7 de Outubro. “Estamos numa campanha multifacetada e a operar poderosamente em todas as frentes”, afirmou.A questão do recrutamento também já teve consequências políticas, quando, em meados de julho, o partido ultraortodoxo Judaísmo Unido da Torá (UTJ) anunciou a sua saída da coligação que apoia o governo israelita devido a uma disputa sobre o serviço militar obrigatório, deixando Benjamin Netanyahu com uma curta maioria de 61 deputados em 120 no Parlamento.Esta curta maioria que ainda detém no Parlamento poderá mesmo desaparecer, já que o Shas, um segundo partido ultraortodoxo, poderá seguir o exemplo do UTJ e deixar cair o seu apoio ao governo. De recordar que o Shas, com os seus onze deputados, é a segunda maior força que sustenta o governo de Netanyahu, a seguir ao Likud (32 eleitos) do primeiro-ministro.Em junho do ano passado, o Supremo Tribunal de Justiça israelita ordenou ao Ministério da Defesa que acabasse com os regimes de exceção e que os judeus ultraortodoxos deveriam passar a ser recrutados para cumprir o serviço militar, o que não foi bem recebido pelo UTJ e o Shas, aliados de Netanyahu. Desde então, o Parlamento israelita tem tentado elaborar um novo projeto de lei sobre o recrutamento, mas sem conseguir cumprir as exigências do UTJ, o que levou ao seu abandono da coligação governamental..Netanyahu em xeque com serviço militar para os ultraortodoxos