UE insiste em pressionar a Rússia a aceitar cessar-fogo. Zelensky pede a Trump para visitar a Ucrânia
A Alta-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros defendeu esta segunda-feira que é preciso a Rússia seja pressionada para aceitar as condições do cessar-fogo, recordando que a Ucrânia está a aguardar há um mês pela decisão de Moscovo.
"Já passou mais de um mês desde que a Ucrânia aceitou um cessar-fogo incondicional e ainda não vimos isso da Rússia", disse Kaja Kallas, à entrada para uma reunião ministerial, no Luxemburgo.
A chefe da diplomacia europeia insistiu que é necessário "continuar a pressionar a Rússia" para que aceite as condições que estão a ser apresentadas para um possível cessar-fogo.
A Alta-Representante da UE para a Política de Segurança acrescentou que "dois terços da iniciativa de munições já estão em marcha" (iniciativa para adquirir munições de artilharia para ajudar a Ucrânia a suprir as necessidades que tem), "mas é preciso fazer mais".
Kaja Kallas tem feito do reforço do apoio à Ucrânia bandeira das funções que desempenha enquanto responsável pela diplomacia da União Europeia.
Enquanto primeira-ministra da Estónia, funções que deixou de desempenhar para poder assumir as de Alta-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas era favorável a um reforço do apoio ao país invadido pela Rússia.
Para Kaja Kallas, é preciso ir além dos 23.000 milhões de euros que já estão equacionados este ano.
As declarações de Kaja Kallas surgem um dia após um atauqe russo a Sumi, na Ucrânia, ter matado 34 pessoas e causado ferimentos a mais de uma centena.
Zelensky pede a Trump para visitar a Ucrânia
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu este domingo ao homólogo norte-americano, Donald Trump, que visitasse o seu país para compreender melhor a devastação causada pela invasão russa.
"Por favor, antes de qualquer tipo de decisão, qualquer tipo de negociação, venham ver as pessoas, civis, guerreiros, hospitais, igrejas, crianças destruídas ou mortas", disse numa entrevista no programa 60 Minutes da CBS, transmitida no domingo.
Com uma visita à Ucrânia, Trump "entenderá o que Putin fez". "Compreenderá com quem tem um acordo", acrescentou Zelensky. "Não se pode confiar em Putin. Já o disse ao presidente Trump muitas vezes. Por isso, quando se pergunta porque é que o cessar-fogo não está a funcionar, é por isso", vincou.
"Putin nunca quis o fim da guerra. Putin nunca quis que fossemos independentes. Putin quer destruir-nos completamente — a nossa soberania e o nosso povo", prosseguiu, frisando nutrir "100% de ódio" pelo presidente russo. "De que outra forma se pode ver uma pessoa que veio aqui e assassinou o nosso povo, assassinou crianças?", questionou.
O presidente ucraniano rejeitou a ideia que as visitas de líder estrangeiros à Ucrânia são "viagens de propaganda" para ganhar apoios e disse que, se Trump decidir visitar o país, nada será preparado: "Não será teatro".
"Pode ir exatamente para onde quiser, em qualquer cidade que tenha sofrido ataques", acrescentou.
Já o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou-se “profundamente alarmado e chocado” com este ataque de mísseis russos à cidade ucraniana de Sumy.
O ataque perpetua “uma série devastadora de ataques semelhantes a cidades e aldeias ucranianas nas últimas semanas, que causaram vítimas civis e destruição em grande escala”, afirmou Guterres, este domingo, num comunicado assinado pelo porta-voz, Stéphane Dujarric.
“O secretário-geral sublinha que os ataques contra civis e objetos civis são proibidos pelo direito humanitário internacional e que tais ataques, onde quer que ocorram, devem cessar imediatamente”, acrescentou o texto.
O comunicado disse ainda que Guterres “renova o seu apelo a um cessar-fogo duradouro na Ucrânia e reitera o apoio das Nações Unidas aos esforços significativos para alcançar uma paz justa, duradoura e abrangente que defenda plenamente a soberania, a independência e a integridade territorial da Ucrânia”, em conformidade com o direito internacional e as regras e resoluções da Organização das Nações Unidas.