A União Europeia falhou ontem dar resposta ao apelo feito pela Ucrânia para obter mais capacidades de defesa aérea ao não apresentar compromissos concretos numa reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa. “Podemos evitar os piores cenários se agirmos em conjunto e sem medo. Precisamos de decisões concretas e ousadas hoje”, havia dito o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, aos seus homólogos da UE através de videoconferência, no início do encontro. .A Ucrânia pediu sete sistemas de defesa aérea Patriot adicionais, fabricados nos Estados Unidos, capazes de abater os mísseis hipersónicos da Rússia, mas está ansiosa para obter qualquer ajuda que puder. Até agora, apenas a Alemanha respondeu ao apelo de Kiev, dizendo que enviaria um sistema Patriot extra, sendo que vários outros países da UE possuem estes sistemas, como a Grécia, Países Baixos, Polónia, Roménia, Espanha e Suécia..O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, tinha dito na sexta-feira esperar que mais países da aliança façam anúncios sobre equipamentos adicionais de defesa aérea para Kiev “em breve”. Mas após a reunião de ontem, os ministros afirmaram que ainda não havia novos compromissos claros..O chefe da política externa da UE, Josep Borrell, disse, no entanto, que existe um “entendimento comum e claro” entre os Estados-membros sobre a urgência da situação. “Cabe a eles tomar as decisões”, afirmou o espanhol..O ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Radoslaw Sikorski, declarou, após o encontro, que desejava que a UE “pudesse avançar mais rapidamente”. Mas lembrou que a Polónia, como estado da linha da frente vizinho da Rússia e da Ucrânia, não poderia dispensar nenhum dos seus dois sistemas Patriot. “Acreditamos que os da Europa Ocidental poderiam ser implantados de forma mais útil na Ucrânia”, acrescentou Sikorski. Já a ministra da Defesa neerlandesa, Kajsa Ollongren, disse que estão a “explorar todos os caminhos”..Moscovo promete resposta.A Rússia afirmou ontem que vai tomar medidas para garantir a própria segurança se a Polónia acolher armas nucleares, depois de o presidente polaco ter evocado a possibilidade de instalar esse armamento no país. “As Forças Armadas vão, naturalmente, analisar a situação e, em qualquer caso, tomar todas as medidas de retaliação necessárias para garantir a nossa segurança”, disse o porta-voz do Kremlin. .Dmitri Peskov referia-se diretamente às declarações do presidente polaco Andrzej Duda, que declarou que a Polónia é um país “pronto a aceitar armas nucleares” de países aliados..Numa entrevista publicada pelo diário polaco Fakt, Duda afirmou que “a Rússia está a militarizar cada vez mais Kaliningrado”, o antigo enclave russo que faz fronteira com a Polónia e a Lituânia, e que Moscovo “também tem transferido armas nucleares para a Bielorrússia”..“Se os nossos aliados decidirem instalar mísseis nucleares no nosso território, estamos preparados”, afirmou. “Fazemos parte da NATO e, por conseguinte, temos obrigações nesta matéria, o que significa que aplicamos simplesmente uma política de interesses comuns”, acrescentou..com agências