UE decide: Putin diretamente visado em novo pacote de sanções

Depois de algumas hesitações iniciais, a União Europeia deliberou envolver toda a cúpula do regime russo, começando pelo próprio Vladimir Putin, no seu novo pacote de sanções. A medida prevista é congelamento de ativos
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Afinal Vladimir Putin será ou não pessoalmente atingido pelas sanções impostas pela UE à Rússia? Depois de algumas hesitações e de informações contraditórias - na quinta-feira o New York Times dizia que os líderes europeus não queriam, para já, avançar nesse caminho -, a União Europeia decidiu-se pelo sim.

Quem avançou com a informação foi, ontem, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, no final, em Bruxelas, de uma reunião com os seus homólogos da UE.

A informação chegou no mesmo dia em que se ficou a saber que Estados Unidos, Reino Unido e Canadá também iriam visar o presidente russo com sanções.

Falando do novo pacote de sanções contra a Rússia aprovado pelos 27 estados-membros, Augusto Santos Silva disse que "ele alarga a lista de personalidades, de pessoas singulares e de entidades russas objeto de sanções, estendendo-a ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, assim como ao primeiro-ministro [Mikhail Mishustin], ao ministro da Defesa [Sergei Shoigu] que já estava incluído, ao ministro dos Negócios Estrangeiros [Serguei Lavrov] e ao ministro do Interior [Vladimir Kolokoltsev]". No caso de Putin e de Lavrov, está em causa o "congelamento dos seus respetivos ativos financeiros que sejam sua propriedade no espaço europeu". Ou seja: "É um pacote de sanções muito duro, a uma escala nunca vista, como tínhamos dito que faríamos em caso de agressão militar da Rússia à Ucrânia, que manifestamente é o caso."

"Esperamos que as autoridades russas compreendam que os custos que pagam e continuarão a pagar enquanto não pararem a agressão militar à Ucrânia são elevados e serão cada vez mais elevados. Usei também o tempo verbal do futuro, visto que, em consonância com a orientação do Conselho Europeu, a nossa decisão foi também de continuar com os trabalhos de alargamento do universo de setores ou de pessoas a sancionar, e o conteúdo das sanções", disse ainda o chefe da diplomacia portuguesa.

Santos Silva apontou que foram também acrescentados "novos quatro bancos russos à lista de entidades bancárias russas sujeitas a interdição de quaisquer relações de natureza económica ou financeira no espaço da UE", tendo também essa interdição sido alargada "às diversas empresas nas quais esses bancos participam". "Também interditamos a exportação de bens de duplo uso, portanto bens de uso civil que possam ser usados também para uso militar, e interditamos a venda a entidades russas de equipamentos e componentes tecnológicos necessários para três setores, da aviação, da energia e de outros ramos de transportes."

Enquanto isto, o primeiro-ministro português anunciou que deu instruções para que as embaixadas de Portugal na Ucrânia e nos países limítrofes concedam vistos imediatos para cidadãos ucranianos, estando o Governo numa "ação ativa" de "identificação de oportunidades de trabalho".

"Portugal, que tem o privilégio de há vários anos ter entre nós uma comunidade ucraniana tão bem inserida, tem reafirmado a total disponibilidade para acolher todos aqueles que queiram prosseguir a sua vida entre nós, e foram já transmitidas instruções, quer à nossa embaixada na Ucrânia, quer nos países limítrofes, para a concessão de visto imediato para poderem vir para Portugal", afirmou.

Costa indicou que está a ser "operacionalizado com o Ministério das Finanças, com o Ministério do Trabalho, com o Ministério da Economia, uma ação ativa de identificação de oportunidades de trabalho e também de atribuição imediata de números de segurança social, de números de contribuinte, para que a autorização de residência possa ter pleno efeito entre todos aqueles que entendam que deve ser em Portugal que podem prosseguir as suas vidas".

Segundo dados da ONU, depois da invasão russa já 50 mil ucranianos terão fugido do seu país.

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