Volodymyr Zelensky garantiu esta terça-feira, 28 de outubro, que a Ucrânia está pronta para conversações de paz, mas avisou que não retirará primeiro as suas tropas de territórios adicionais, como Moscovo tem exigido. E acrescentou que as negociações podem ocorrer em qualquer lugar, exceto na Rússia e na Bielorrússia, país aliado do Kremlin e vizinho de ambas as partes. Neste sentido, o presidente ucraniano revelou ainda que as autoridades de Kiev e europeias irão reunir-se no final desta semana para discutir os detalhes de um plano de cessar-fogo que estão a traçar. “Não é um plano para acabar com a guerra. Antes de mais, é necessário um cessar-fogo”, voltou a referir Zelensky. “Este é um plano para iniciar a diplomacia... Os nossos conselheiros vão reunir-se nos próximos dias, combinámos que será na sexta-feira ou no sábado. Eles discutirão os detalhes deste plano.”Zelensky sublinhou mais uma vez também que a Ucrânia vai precisar de apoio financeiro europeu durante mais dois ou três anos, para conter a invasão da Rússia, nomeadamente através da proposta da Comissão Europeia sobre o uso gradual de ativos russos congelados e que podem servir para financiar o esforço de guerra. Uma proposta que foi discutida pelos líderes dos 27 no Conselho Europeu da semana passada, mas que conta com a firme oposição da Bélgica, país onde se encontram depositados a maior parte destes ativos. Questionada esta terça-feira sobre este assunto, a porta-voz da Comissão Europeia declarou que o executivo comunitário “ouviu quais são as preocupações expressas pelos líderes” e está a “analisar estas questões e preocupações e a garantir que podemos apresentar algo que seja tranquilizador” para estes. “Há uma série de princípios que têm sido reiterados, inclusive pela própria presidente [Ursula von der Leyen], em termos de respeito pelo direito internacional, o que é absolutamente crucial. E é neste contexto que estamos a analisar e a garantir que iremos abordar as preocupações e as questões levantadas, principalmente pelo primeiro-ministro belga na semana passada”, notou Paula Pinho.Ursula von der Leyen, que esteve esta terça-feira reunida com os líderes dos países nórdicos (que apoiaram o plano relativo aos ativos russos congelados), sublinhou ainda que “a proposta é utilizar estes saldos de caixa para conceder um empréstimo à Ucrânia, que a Ucrânia terá de pagar se a Rússia pagar as reparações. Portanto, é uma proposta juridicamente sólida, não trivial, mas sólida”. E garantiu que “estamos aqui para o longo prazo. Estamos prontos para cobrir as necessidades de financiamento da Ucrânia, para que possamos apoiá-la durante o tempo que for necessário.”O presidente da Ucrânia fez ainda um apelo a Donald Trump, pedindo-lhe que pressione o líder da China, Xi Jinping, com quem se deverá encontrar amanhã, a reduzir o apoio de Pequim a Moscovo, nomeadamente as importações chinesas de hidrocarbonetos russos. De recordar que, na semana passada, os Estados Unidos anunciaram a aplicação de sanções à Rússia, tendo como alvo duas das suas maiores empresas petrolíferas, a Rosneft e a Lukoil. Esta última anunciou ontem que vai vender os seus ativos internacionais em resposta às sanções de Trump, estando já em negociações com potenciais compradores - existe um período de carência de sanções que permite negócios com a Lukoil até 21 de novembro, sendo que a petrolífera russa disse que pedirá uma extensão, caso seja necessária, para concluir as transações.Segundo a AP, a Lukoil tem participações em projetos de petróleo e gás em 11 países, possuindo refinarias na Bulgária e na Roménia e uma participação de 45% numa refinaria nos Países Baixos, bem como postos de abastecimento de combustível em vários países..Zelensky satisfeito com sanções, mas espera mais dos líderes dos 27