A guerra na Ucrânia foi referida por vários dos líderes dos BRICS na cimeira em Kazan, com apelos à desescalada, desejos de negociações de paz e ofertas de mediação. O presidente russo, Vladimir Putin, agradeceu, deu conta da “relutância do lado ucraniano em manter quaisquer negociações” e da “muito positiva dinâmica das forças armadas russas”. E, na declaração final da cimeira, de 33 páginas em inglês, o tema mereceu 68 palavras, no meio de referências mais extensas a outros conflitos no mundo..“Recordamos as posições nacionais sobre a situação na Ucrânia”, diz o texto aprovado esta quarta-feira pelos líderes do Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Etiópia, Irão, Egito e Emirados Árabes Unidos. “Salientamos que todos os Estados devem agir de forma consistente com os Propósitos e Princípios da Carta das Nações Unidas na sua totalidade e interrelação. Registamos com apreço propostas relevantes de mediação e de bons ofícios, visando uma resolução pacífica do conflito através do diálogo e da diplomacia”, acrescentava..Um ponto no meio da condenação ao ataque contra a embaixada do Irão na Síria em abril (que matou um comandante iraniano crucial na relação com o Hezbollah), já depois de criticar a ofensiva israelita na Faixa de Gaza (“que levou ao assassinato em massa de civis, à deslocação forçada e à destruição generalizada de infraestruturas”) e no Sul do Líbano. E antes de outro ponto a destacar a importância de retomar o acordo nuclear iraniano..O comunicado final, de 131 pontos, aborda desde temas de geopolítica e luta contra o tráfico de droga a inteligência artificial ou até a preservação dos grandes felinos. Pelo meio, critica as sanções internacionais e reitera a necessidade de reformar a atual arquitetura financeira (não é mencionado o dólar nem a ideia de criar uma moeda própria, mas reforça-se a aposta nas trocas nas moedas locais). Os líderes expressaram ainda o desejo de aprofundar o desenvolvimento institucional dos BRICS, mas não de uma nova expansão do grupo (que este ano cresceu de cinco para nove membros, faltando a Arábia Saudita entrar ainda)..“O processo de criação de um mundo multipolar está em curso, um processo dinâmico e irreversível”, declarou Putin, o anfitrião do encontro que serve para mostrar que não está assim tão isolado por causa da guerra na Ucrânia. O Brasil irá acolher a cimeira no próximo ano..susana.f.salvador@dn.pt
A guerra na Ucrânia foi referida por vários dos líderes dos BRICS na cimeira em Kazan, com apelos à desescalada, desejos de negociações de paz e ofertas de mediação. O presidente russo, Vladimir Putin, agradeceu, deu conta da “relutância do lado ucraniano em manter quaisquer negociações” e da “muito positiva dinâmica das forças armadas russas”. E, na declaração final da cimeira, de 33 páginas em inglês, o tema mereceu 68 palavras, no meio de referências mais extensas a outros conflitos no mundo..“Recordamos as posições nacionais sobre a situação na Ucrânia”, diz o texto aprovado esta quarta-feira pelos líderes do Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Etiópia, Irão, Egito e Emirados Árabes Unidos. “Salientamos que todos os Estados devem agir de forma consistente com os Propósitos e Princípios da Carta das Nações Unidas na sua totalidade e interrelação. Registamos com apreço propostas relevantes de mediação e de bons ofícios, visando uma resolução pacífica do conflito através do diálogo e da diplomacia”, acrescentava..Um ponto no meio da condenação ao ataque contra a embaixada do Irão na Síria em abril (que matou um comandante iraniano crucial na relação com o Hezbollah), já depois de criticar a ofensiva israelita na Faixa de Gaza (“que levou ao assassinato em massa de civis, à deslocação forçada e à destruição generalizada de infraestruturas”) e no Sul do Líbano. E antes de outro ponto a destacar a importância de retomar o acordo nuclear iraniano..O comunicado final, de 131 pontos, aborda desde temas de geopolítica e luta contra o tráfico de droga a inteligência artificial ou até a preservação dos grandes felinos. Pelo meio, critica as sanções internacionais e reitera a necessidade de reformar a atual arquitetura financeira (não é mencionado o dólar nem a ideia de criar uma moeda própria, mas reforça-se a aposta nas trocas nas moedas locais). Os líderes expressaram ainda o desejo de aprofundar o desenvolvimento institucional dos BRICS, mas não de uma nova expansão do grupo (que este ano cresceu de cinco para nove membros, faltando a Arábia Saudita entrar ainda)..“O processo de criação de um mundo multipolar está em curso, um processo dinâmico e irreversível”, declarou Putin, o anfitrião do encontro que serve para mostrar que não está assim tão isolado por causa da guerra na Ucrânia. O Brasil irá acolher a cimeira no próximo ano..susana.f.salvador@dn.pt