Ucrânia acusa Rússia de querer "destruí-la"
"Ameaçam abertamente destruir a Ucrânia com uma guerra e destruir todo o Estado ucraniano", declarou o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, numa conferência de imprensa conjunta com seus colegas dos países bálticos (Estónia, Lituânia e Letónia).
Há semanas que os confrontos têm aumentado entre Kiev e os separatistas pró-russos no leste, enquanto Moscovo posicionou dezenas de milhares de homens nas proximidades, aumentando o receio de uma operação militar em grande escala.
As declarações de Dmytro Kuleba foram feitas na véspera da reunião que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky terá em Paris com o francês Emmanuel Macron.
Kiev teme que as autoridades russas inventem um pretexto para justificar uma intervenção militar no leste da Ucrânia. A Rússia, por sua vez, afirma que "não ameaça ninguém" e denuncia "provocações" da Ucrânia. Para dissuadir a Rússia de atacar, "devemos fazê-la entender que as consequências das suas aventuras militares serão muito dolorosas", disse Kuleba. "A linha vermelha para a Ucrânia é a fronteira do seu Estado. Se a Rússia violar essa linha vermelha, ela sofrerá", alertou, pedindo aos países ocidentais que imponham novas sanções a Moscovo se esse cenário ocorrer.
"Sabemos bem (...) quem está a atacar. É a Rússia", declarou o chefe da diplomacia lituana, Gabrielius Landsbergis, junto com Kuleba, segundo palavras traduzidas para o ucraniano.
A Rússia destacou dezenas de milhares de soldados nas últimas semanas na fronteira com a Ucrânia e na península da Crimeia, anexada à Federação Russa em 2014. Segundo Moscovo, trata-se de "exercícios militares" em resposta às ações "ameaçadoras" da Otan, a aliança militar da qual a Ucrânia deseja aderir. Moscovo acusa Kiev de preparar uma ofensiva contra os separatistas e advertiu que virá em seu socorro em caso de ataque.
O governo ucraniano afirma que 28 soldados ucranianos morreram na linha de frente desde o início de janeiro. Os separatistas, por sua vez, relataram pelo menos vinte mortes entre suas tropas desde janeiro.
A missão de observação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) informou esta quinta-feira que o número de violações do cessar-fogo nas linhas de frente atingiu nas últimas duas semanas "o seu nível mais alto desde o início do ano".
O aumento da tensão preocupa os países ocidentais, que apelam à Rússia a iniciar uma desescalada.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e a chanceler alemã, Angela Merkel, concordaram na quarta-feira em pedir à Rússia "que reduza seus recentes reforços de tropas" perto da Ucrânia. No mesmo dia, Berlim acusou a Rússia de "provocação". "Faremos o possível para garantir que as coisas não degenerem", disse a ministra da Defesa alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer, elogiando Kiev por sua reação "moderada".