Tweet sobre "enforcar" membros do Azov criticado após ataque a prisão
Mensagem foi partilhada pela embaixada russa no Reino Unido, quando Moscovo e Kiev trocam acusações sobre a responsabilidade da morte de prisioneiros de guerra ucranianos.
As autoridades ucranianas apelidaram ontem a Rússia de "estado patrocinador do terrorismo", depois de a embaixada do país no Reino Unido ter defendido a execução, por enforcamento, dos combatentes do batalhão de Azov. Uma mensagem publicada no Twitter numa altura em que Moscovo e Kiev trocam acusações sobre a responsabilidade no ataque a uma prisão em território controlado pelos russos que resultou na morte a 50 prisioneiros de guerra ucranianos, incluindo membro do Azov e defensores da siderurgia Azovstal.
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"Os militantes Azov merecem a execução, não a morte por fuzilamento, mas por enforcamento, porque não são soldados de verdade. Eles merecem uma morte humilhante", escreveu a embaixada no Twitter, a acompanhar um vídeo em que um casal de Mariupol conta como foi atacado pelas forças que estavam na Azovstal. A rede social denunciou o tweet como violando as regras por "conduta odiosa", mas não o apagou, alegando que "pode ser do interesse público que permaneça acessível".
Em resposta, o chefe de gabinete do presidente ucraniano, Andriy Yermak, escreveu no Telegram que "a Rússia é um estado terrorista". Considerou que "no século XXI só selvagens e terroristas podem falar a nível diplomático sobre o facto de pessoas merecerem ser executadas por enforcamento. A Rússia é um estado patrocinador do terrorismo. Que mais provas precisam?"
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O batalhão de Azov foi criado em 2014 em Mariupol como uma força paramilitar para combater as forças pró-russas no Donbass, sendo depois incorporado no exército. Para Moscovo, é uma força nazi, tendo a "desnazificação" da Ucrânia sido um dos argumentos para a invasão. Em maio, as forças ucranianas, incluindo membros do Azov, renderam-se após um cerco de vários meses à Azovstal. Cerca de 2500 foram feitos prisioneiros pelos russos, sendo que cerca de uma centena que estavam feridos foram trocados no final de junho por presos capturados por Kiev.
Troca de acusações
Na sexta-feira, pelo menos 50 prisioneiros de guerra ucranianos morreram e 73 ficaram feridos num ataque à prisão de Olenivka, em território controlado por Moscovo em Donetsk. "Toda a responsabilidade política, legal e moral para este massacre sangrento de ucranianos cabe pessoalmente a [Volodymyr] Zelensky, ao seu regime criminoso e a Washington que o apoia", indicou o Ministério da Defesa russo, apontando o dedo ao presidente ucraniano e alegando que foram usadas mísseis de precisão fornecidos pelos EUA. Moscovo explica que o objetivo do ataque seria dissuadir outros combatentes de se renderem.
Zelensky ponta o dedo à Rússia. "Este foi um crime de guerra deliberado russo, um homicídio em massa de prisioneiros de guerra ucranianos", indicou num vídeo, na sexta-feira à noite. Lembrando que a rendição dos defensores da Azovstal foi negociada com a intermediação das Nações Unidas e da Cruz Vermelha, apelou a estas organizações para intervirem. A ONU disse estar para enviar uma equipa para investigar, enquanto a Cruz Vermelha anunciou ter pedido acesso à prisão - que até fevereiro de 2022 estava vazia - e aos sobreviventes, mas o pedido ainda não tinha sido aceite. Para Kiev, o ataque visou esconder as más condições da prisão e a tortura aos prisioneiros. Ambos os lados dizem ter aberto investigações ao ataque.
susana.f.salvador@dn.pt
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