"O que está a acontecer com os meus ‘rapazes’ e, em alguns casos, ‘raparigas’. Estão todos a ir atrás da procuradora-geral Pam Bondi, que está a fazer um TRABALHO FANTÁSTICO! Estamos na mesma equipa, MAGA, e não gosto do que está a acontecer.” O presidente norte-americano, Donald Trump, foi para as redes sociais tentar acalmar a revolta dentro do seu movimento Make America Great Again (Tornar a América Grande de Novo) por causa do “tipo que nunca morre, Jeffrey Epstein”. O financeiro norte-americano, com ligações a muitos famosos e políticos, foi detido em 2019 e acusado de abusar sexualmente de dezenas de adolescentes ao longo de duas décadas. Semanas depois, foi encontrado morto na cela, numa prisão de alta segurança de Nova Iorque, tendo a morte sido declarada suicídio. Epstein tornou-se no centro de várias teorias de conspiração, com alegações de que teria uma lista de clientes famosos a quem “fornecia” menores, alguns dos quais chantageava com material comprometedor, e até de que teria sido morto para não revelar o que sabia. Durante a campanha, o próprio Trump (amigo de Epstein na década de 1990) ajudou a alimentar as teorias da conspiração sobre a existência de uma lista de clientes que os democratas estariam a tentar esconder.Em fevereiro, a procuradora-geral, Pam Bondi, prometeu grandes revelações e convidou uma série de influencers conservadores para receber a primeira parte do ficheiro Epstein - que foi considerada uma desilusão, por não ter nada de novo. Bondi disse na altura que o FBI tinha mais documentos que não estava a partilhar. Em março, quando questionada pela Fox News sobre quando é que ia revelar a lista, a procuradora-geral acrescentou: “Está na minha secretária agora para ser revista.” Agora disse que foi mal interpretada e que se referia a todo o ficheiro. Isto porque, na semana passada, o Departamento de Justiça e o FBI anunciaram que, após analisarem 330 gigabytes de informação, não há provas de que Epstein tinha “uma lista de clientes secretos” nem que estava a chantagear alguém. E indicaram que não iam divulgar mais documentos do processo. O memorando reforçava ainda a ideia de que ele se tinha suicidado, tendo sido revelado um vídeo da área da prisão onde ele estava para mostrar que ninguém entrou na cela. O problema é que isso não calou as teorias da conspiração, já que faltará um minuto nas imagens. “Acho que não nos estão a dizer a verdade sobre Epstein. Acho que aquele tipo estava envolvido em algo nefasto que envolve muita gente. E o meu palpite é que nessa gente pode haver alguns dos nossos aliados”, disse o podcaster Brandon Tantun numa conferência de jovens conservadores na Florida. É apenas uma de muitas vozes MAGA descontentes. “Como é que as pessoas podem ter fé em Trump se ele não divulgar os ficheiros Epstein”, perguntou no X Elon Musk, antigo aliado do presidente que se transformou num dos seus maiores críticos - e que em pleno feudo com o presidente alegou que ele estaria implicado na lista. A revolta terá até chegado ao interior da Administração, com o choque entre Bondi e o diretor do FBI, Kash Patel, e o seu número dois, Dan Bongino. Os três, que sempre foram defensores das teorias de conspiração sobre Epstein, terão entrado em choque numa reunião na quarta-feira passada, na Casa Branca. Patel negou no X que esteja a pensar em demitir-se, alegando que “as teorias da conspiração não são verdadeiras e nunca foram” e comprometendo-se em continuar ao lado de Trump. Mas Bongino, que antes de aceitar o cargo era um influencer MAGA, estará a equacionar demitir-se. O presidente saiu em sua defesa no domingo, dizendo aos jornalistas que ele é um “bom tipo”. O MAGA quer uma investigação independente e exige a demissão de Bondi. O presidente defendeu-a na sua mensagem no sábado à noite na Truth Social, lamentando que se esteja a perder “tempo e energia” no caso Epstein quando a sua Administração “alcançou mais em seis meses do que qualquer outra em 100 anos”. E, no domingo à noite, convidou-a para o camarote presidencial na final do Mundial de Clubes. O caso Epstein é mais um a testar a aliança do MAGA a Trump - o anterior foi sobre o ataque ao Irão, depois de o presidente ter prometido que não envolveria os EUA em mais nenhuma guerra. Trump sobreviveu a esse teste, mas está a ter mais dificuldade em calar os seus apoiantes sobre o caso Epstein.