Trump preside a "grande reunião" sobre Faixa de Gaza
ATEF SAFADI/EPA

Trump preside a "grande reunião" sobre Faixa de Gaza

Em fevereiro, o presidente norte-americano lançou a ideia de uma tomada de controlo da Faixa de Gaza pelos Estados Unidos para a reconstruir e transformar na "Riviera do Médio Oriente".
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O Presidente dos EUA, Donald Trump, vai presidir esta quarta-feira, 27 de agosto, a uma “grande reunião” na Casa Branca sobre o pós-conflito na Faixa de Gaza, anunciou na terça-feira o seu enviado especial, Steve Witkoff.

“Vamos ter uma grande reunião na Casa Branca (...), sob a direção do Presidente, e vamos elaborar um plano muito completo para o dia seguinte” no território palestiniano.

Witkoff fez estas declarações na estação televisiva Fox News, sem dar mais detalhes.

"Penso que muitas pessoas vão perceber o quão sólido e bem-intencionado este plano é", afirmou, acrescentando que o plano "reflete as motivações humanitárias do Presidente".

Em fevereiro, Donald Trump lançou a ideia de uma tomada de controlo da Faixa de Gaza pelos Estados Unidos para a reconstruir e transformar na "Riviera do Médio Oriente", uma vez esvaziada dos seus habitantes. E repetiu que estes poderiam ser transferidos para Egito e Jordânia.

Aclamado pela extrema direita israelita, o plano foi rejeitado pelos países árabes e pela maioria das nações ocidentais, com a ONU a alertar para uma “limpeza étnica” em Gaza.

No início de agosto, o gabinete de segurança israelita aprovou um plano do exército que, segundo o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, visa “acabar com a guerra”.

O plano prevê, nomeadamente, a criação, a prazo, de uma "administração civil pacífica não israelita" no território palestiniano.

Num vídeo divulgado na terça-feira, após uma reunião do gabinete de segurança, Benjamin Netanyahu permaneceu, no entanto, vago sobre as intenções do seu Governo.

Israel rejeita entre 30 e 40% da ajuda humanitária diária enviada pelo Egito para Gaza

Israel está a rejeitar entre 30% e 40% da ajuda humanitária que sai diariamente do Egito, através da passagem fronteiriça israelita de Kerem Shalom, com destino à Faixa de Gaza, segundo fontes do Crescente Vermelho egípcio.

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Esta quarta-feira, cerca de 60 camiões carregados com ajuda humanitária saíram de armazéns no Sinai egípcio com destino a Kerem Shalom, onde Israel inspeciona a carga e, segundo as fontes do Crescente Vermelho Egípcio, devolve "entre 30 e 40% de uma média de 150 camiões com ajuda que saem diariamente da zona egípcia de Rafah".

"Devolvem os camiões diariamente sob vários pretextos, como problemas com a carga, com o tipo de produtos ou devido a intimidação e atrasos por parte de Israel. Nós reabastecemos e enviamos no dia seguinte", disse à agência de notícias EFE uma fonte de um dos armazéns do Crescente Vermelho egípcio em Al-Arish.

"Em alguns dias, devolvem 20 camiões, e noutros, o número chega aos 80", acrescentou.

De acordo com as fontes, comboios transportam toneladas de produtos básicos e combustível para aliviar a trágica situação humanitária e a fome no território palestiniano.

A passagem de Kerem Shalom, localizada entre o Egito, Gaza e Israel, mas controlada em exclusivo pelos israelitas, é a etapa final do processo de envio de ajuda por via terrestre.

A viagem destes camiões inicia-se na zona logística estabelecida pelo Egito em Al-Arish, próximo a Rafah, para receber e armazenar alimentos e produtos médicos enviados por vários países do mundo e por organizações egípcias, sob a supervisão do Crescente Vermelho Egípcio.

A fonte referiu que as autoridades israelitas rejeitam a maioria dos camiões-cisterna com combustível, essencial para o funcionamento de geradores para centros de saúde e padarias.

"O combustível que entrou hoje foi rejeitado três ou quatro vezes e devolvido, mas no final permitiram a entrada de alguns camiões-cisterna", explicou.

Segundo o canal de televisão Al-Qahera News, citando os serviços de informações egípcios, o comboio desta quarta-feira é composto por cerca de 60 camiões de ajuda humanitária e inclui três camiões-cisterna de combustível que "foram devolvidos duas vezes, ontem [terça-feira] e anteontem [segunda-feira]".

Este é o 24.º comboio enviado pelo Egito para Gaza desde que Israel reabriu a ajuda ao enclave, no final de julho passado.

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O Egito, que atua como mediador ao lado do Qatar e dos Estados Unidos na guerra, acusa Israel de "restringir" e "obstruir" a entrada de ajuda humanitária no enclave, que, segundo Cairo, necessita de "entre 700 e 900 camiões de ajuda humanitária diariamente".

As autoridades egípcias e qataris aguardam, entretanto, a resposta de Israel à proposta recentemente apresentada a Israel e ao grupo islamista palestiniano Hamas para uma trégua de 60 dias, durante a qual seriam libertados vários reféns e negociado o fim da guerra.

Israel, que se prepara para ocupar a Cidade de Gaza, rejeita um acordo parcial e insiste que um entendimento deve incluir a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas desde o início da guerra, em outubro de 2023.

Desde essa data, cerca de 63.000 pessoas morreram só em Gaza, centenas delas nas últimas semanas enquanto procuravam ajuda alimentar, e outras dezenas devido à falta de alimentos, principalmente crianças.

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