Trump insiste no desarmamento do Hamas à entrada para reunião com Netanyahu
Benjamin Netanyahu/X

Trump insiste no desarmamento do Hamas à entrada para reunião com Netanyahu

Primeiro-ministro israelita chegou no domingo aos Estados Unidos para aquele que é o seu quinto encontro, este ano, com o Presidente norte-americano.
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O Presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou esta segunda-feira, 29 de dezembro, no início de um encontro com o primeiro-ministro israelita, que o movimento islamita Hamas deve ser desarmado em Gaza no âmbito do plano de paz para o território palestiniano.

"Tem de haver desarmamento; sabem, temos de desarmar o Hamas", disse Trump em breves declarações aos jornalistas antes da quinta reunião este ano com Benjamin Netanyahu, elogiando o "trabalho fenomenal" deste à frente do governo israelita.

O Hamas tem recusado o desarmamento, pretendido por Trump para desbloquear a segunda fase do plano de paz e cessar-fogo em Gaza.

"O Hamas deve ser desarmado", insistiu o Presidente norte-americano na sua residência em Mar-a-Lago, na Florida (sudeste), onde recebeu Netanyahu.

A segunda fase da paz em Gaza ainda não começou devido a divergências substanciais, incluindo o desarmamento do movimento islamita, a retirada das forças israelitas da Faixa de Gaza e a definição de um modelo de governação interina para o enclave palestiniano após o conflito.

Poucas horas antes do encontro, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço militar do Hamas, declararam que não tencionam entregar as armas "enquanto persistir a ocupação israelita" e reafirmaram o "direito inerente" de responder a alegadas violações do cessar-fogo em Gaza.

"O nosso povo está a defender-se e não entregará as suas armas enquanto a ocupação persistir. Não se renderá, nem mesmo se tiver de lutar com unhas e dentes", afirmou o porta-voz Abu Obeida, que adotou o mesmo nome de guerra do seu antecessor, eliminado por Israel em agosto mas cuja morte só esta segunda-feira foi confirmada pelo Hamas.

Netanyahu chegou no domingo aos Estados Unidos para aquele que é o seu quinto encontro, este ano, com o Presidente norte-americano.

Embora não exista uma agenda pública, espera-se que discutam os progressos do cessar-fogo na Faixa de Gaza e as tensões de Israel com o Irão e o Líbano.

Antes, Netanyahu encontrou-se com Tali e Itzik Gvili, pais de Ran Gvili, o último refém morto cujo corpo ainda permanece em Gaza.

O primeiro-ministro israelita encontrou-se também esta segunda-feira com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.

Segundo o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Tommy Pigott, Rubio e Netanyahu discutiram “a segurança regional, a cooperação económica e o combate ao antissemitismo".

“Ambos os líderes enfatizaram a importância da cooperação contínua para promover a paz e a estabilidade no Médio Oriente, em linha com a visão do Plano de Paz de 20 Pontos do Presidente Trump”, adiantou Pigott.

Desde que o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza, patrocinado por Trump, entrou em vigor a 10 de outubro deste ano, o movimento radical palestiniano entregou os 20 reféns que permaneciam vivos no enclave e 27 dos 28 corpos de reféns mortos.

Quando o Hamas entregar o último corpo, a chamada primeira fase do acordo de paz será considerada como concluída e terá início a segunda, que prevê, entre outros aspetos, o desarmamento do grupo radical, o recuo das tropas israelitas no enclave e a constituição de um governo tecnocrata para o território, devastado por dois anos de guerra, que teve início em outubro de 2023.

Espera-se que o Presidente norte-americano exija progressos no cessar-fogo que os Estados Unidos ajudaram a intermediar em outubro passado.

No entanto, mais de três meses após a entrada em vigor do cessar-fogo, as condições de vida dos palestinianos na devastada Faixa de Gaza não melhoraram, uma vez que milhares continuam a viver em condições precárias em tendas que foram agora danificadas pelas fortes chuvas que caem desde o início do mês.

Além disso, os ataques das tropas israelitas, que ainda controlam mais de 50% de Gaza, não cessaram completamente.

Conforme o Ministério da Saúde de Gaza, tutelado pelo Hamas, mais de 400 palestinianos foram mortos em ataques israelitas desde a entrada em vigor da trégua.

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